terça-feira, 11 de outubro de 2016

ADVOCACIA



ADVOCACIA – Essa é uma das duas funções que constituem a atual obra do Senhor nas alturas em favor do Seu povo – Seu sacerdócio e Sua advocacia. Ambas têm a ver com a Sua “intercessão” por nós, mas de maneiras diferentes (Rm 8:34).
  • Sua intercessão como um Sacerdote é para a manutenção de Seu povo no caminho de fé, para que eles não venham a falhar.
  • Sua intercessão como um Advogado é para Seu povo quando eles falham.

Advocacia refere-se “àquele que assume a causa de outro”. Na Escritura, ela é aplicada ao Senhor (1 Jo 2:1) e também ao Espírito Santo (traduzido como “Consolador” em João 14:16, 26, 15:26, 16:7). A advocacia do Senhor tem a ver com a Sua obra em restaurar crentes à comunhão com Deus.
O pecado interrompe a comunhão do crente com Deus; arrependimento e confissão o restaura à comunhão com Deus (1 Jo 1:9). O problema é que, se falhamos e ficamos num caminho longe do Senhor, não temos poder para nos restaurar a nós mesmos – tal é o efeito do pecado na vida de um crente. Se deixados sozinhos, nunca voltaríamos para Deus em arrependimento e confissão. Daí vem a necessidade da obra de Cristo como nosso Advogado. Existem quatro coisas envolvidas na advocacia do Senhor:
1) ELE INTERCEDE POR NÓS (Lc 22:31-32). Ele vai ao Pai e intercede por nossa restauração. Ao mesmo tempo, mantém a nossa causa diante de Deus contra as acusações do diabo em relação aos pecados envolvidos com a nossa falha (Ap 12:10). Ele faz isso com base em haver feito “propiciação pelos nossos pecados” (1 Jo 2:2). Ele, por assim dizer, aponta para o sangue e diz: “Eu paguei por esses pecados.” Assim, nossa restauração está fundada sobre o que Cristo realizou na cruz.
2) ELE DIRIGE O ESPÍRITO DE DEUS PARA FAZER COM QUE A PALAVRA DE DEUS CAUSE UM EFEITO EM NOSSA CONSCIÊNCIA (Lc 22:61). O Espírito de Deus vai falar sobre o nosso estado e nossa conduta pecaminosa e vai nos ocupar com nossa falha até que a encaremos e nos arrependamos. Ele usará a Palavra de Deus para quebrar nosso coração endurecido pelo pecado (Jr 23:29). Ele pode trazer um versículo à mente – seja por ouvir, ler ou se lembrar dele – que irá falar à nossa consciência. Assim, a Palavra de Deus tem parte na restauração de nossa alma (Sl. 19:7, 119:9).
3) ELE PROVIDENCIALMENTE APLICA DISCIPLINA SANTA EM NOSSA VIDA (1 Pe 3:12). O Pai vai trabalhar para este fim também (1 Pe 1:16-17). Todas as Suas ações em nosso favor se baseiam em Seu amor por nós (Hb 12:5-11). Seu amor é tal que pode até mesmo usar algum tipo de problema (sofrimento, doença, tristeza etc.) em nossa vida para chamar nossa atenção e nos corrigir (Jó 33:14-22).
4) ELE VAI MOTIVAR NOSSOS IRMÃOS, E ELES VIRÃO A NÓS PARA NOS RESTAURAR (Gl 6:1; Tg 5:19-20). Um irmão ou uma irmã pode nos falar sobre o nosso andar, e isso pode ser usado pelo Senhor para nos fazer voltar.
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Longe esteja o pensamento que um crente possa ser achado pecando, porque isso é uma aberração no Cristianismo. Mas se pecar, 1 João 2:1-2 nos diz que a advocacia de Cristo entra em ação imediatamente. Ele diz: “se alguém pecar, temos um Advogado para com o Pai, Jesus Cristo, o justo”. Note que aqui não diz, “Se alguém se volta para Deus e confessa seus pecados, o Senhor age por ele como seu Advogado”. Isto significaria dizer que Sua defesa começaria a agir quando o crente se volta para Deus em arrependimento. No entanto, o Senhor não espera que nos voltemos para Deus em arrependimento, porque Ele sabe que se deixados sozinhos, isso nunca iria acontecer. A verdade é que o crente que falha apenas se volta para Deus e confessa seus pecados, porque a obra de Cristo, como nosso Advogado, já estava operando.
J. N. Darby disse: “Alguns dizem que temos de usar a advocacia de Cristo, mas não é assim. Cristo é que a usa para nós. Por que eu me volto a Deus quando falho? É porque Ele usa a Sua advocacia, e nova graça é aplicada – nova graça opera em minha mente. Não há nada em nós que nos traga de volta a Deus, apenas a nova graça trabalhando em nossa consciência. Por isso, é dito: ‘se alguém pecar, temos um Advogado para com o Pai’. Não é ‘se alguém se arrepender’” (Nine Lectures on First John, pág 16). Em outra ocasião, perguntaram ao Sr. Darby “Quando é que o Senhor age como um Advogado? É quando um santo peca?” Resposta: “A Palavra não diz, se alguém se arrepender e confessar; mas, se alguém pecar, temos um Advogado”. E foi retrucado: “Então nada começa com a gente?”. Resposta: “Nada que eu saiba, a não ser o pecado. E a confissão é o efeito da advocacia” (Notes and Jotting, pág. 6).
Assim, a advocacia de Cristo não funciona como um advogado moderno, com o qual é erroneamente comparado. O advogado moderno vai trabalhar para o seu cliente quando ele solicita sua ajuda, mas a advocacia de Cristo entra em ação antes de o crente que falhou solicite a ajuda restauradora do Senhor. Tudo isso destaca a fidelidade do nosso Deus em restaurar Seu povo desobediente. Ele tem ciúmes de nossas afeições e não vai permitir que continuemos nos caminhos da injustiça para sempre. Ele pode nos permitir provar o fruto de nossos caminhos por um tempo (Pv 14:14), porque a vontade da carne precisa ser quebrada no crente desobediente, mas, custe o que custar, Ele vai trazer aquele que caiu de volta (Sl. 23:3 – “Restaura minha alma” – JND). Muitas vezes isso não ocorre até que a pessoa esteja em seu leito morte.
A intercessão de Cristo como nosso Advogado não deve ser confundida com a Sua intercessão como nosso Sumo Sacerdote. Ambas se referem ao Seu atual serviço nas alturas, mas elas são diferentes. O sacerdócio de Cristo é para sustentar o santo a fim de que ele não peque (Hb 4:14-16, 7:25-26); Sua advocacia é para restaurar um santo – se for necessário – porque ele pecou. O sacerdócio é para com Deus (Hb 2:17, 5:1, 7:25; 1 Pe 2:5) e a advocacia, para com o Pai (1 Jo 2:1). O sacerdócio de Cristo tem a ver com a contínua intercessão enquanto que Sua intercessão como nosso Advogado é apenas exercida quando necessário. (Veja: O Sacerdócio de Cristo)

4 comentários:

  1. Louvado seja Nosso Deus e Nosso Salvador Jesus Cristo.

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  2. Louvado seja Nosso Deus e Nosso Salvador Jesus Cristo.

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  3. Graças a Deus por esta por estas duas funções distintas, sacerdote e advogado e ambas estão ocorrendo em tempo presente e eterno, o SENHOR seu louvado.

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    1. Antonio. Essas duas atividades são vitais para nós agora. Mas elas não são para o "tempo" eterno, porque na eternidade não haverá "possibilidade" de falha (para o que o sacerdócio existe) e nem de falha propriamente dita (para o que a advocacia existe).

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