CHEIO DO ESPÍRITO
– Este termo tem a
ver com o estado do crente e, portanto, é algo mais do que receber “o dom do Espírito Santo” pelo qual
somos habitados por Ele (At 2:38, 8:15-17, 10:45, 19:2; 2 Co 1:21-22; Gl 3:2;
Ef 1:13, 4:30; 1 Ts 4:8 etc.). Estar “cheio
do Espírito” (Ef 5:18; At 2:4, 4:31, 6:3, 7:55, 9:17, 11:24 etc.) tem a ver
com dar o controle total de nossa vida ao Espírito de uma forma prática.
Uma
ilustração dada por H. P. Barker torna clara essa distinção. Ele disse: “Um
visitante em sua casa não a ocupa. Ele está restrito à parte da casa à qual
você o introduziu. Se, no entanto, você colocar sua casa inteira à sua
disposição, e lhe der a chave de cada quarto e armário, ele então controlará
todo o lugar. Não é que ele tenha vindo para fazer isto, mas agora, por seu ato
de entrega, ele terá completo controle. Assim também é com o Espírito Santo.
Muitas vezes O restringimos a certas partes de nossa vida e experiência, mas
Ele deseja ter total controle, para nos possuir inteiramente para os interesses
de Cristo. Quando entregamos ao Seu controle toda a nossa casa, então Ele está
num indisputado comando dela e, nesse sentido, nos enche” (The Holy Spirit Here Today, pág. 77).
Assim,
o crente recebe o Espírito Santo uma vez
em sua vida ao crêr no Senhor Jesus Cristo. Quando este Hóspede divino faz do
crente Sua residência, Ele nunca o deixa, pois o crente é com Ele “selado para o dia” da sua “redenção” final – que é quando o
Senhor vem no Arrebatamento (Ef 4:30; Jo 14:16 – “para sempre”). Mas o crente pode ser enchido muitas vezes. Isto é porque nosso estado é como a maré vazante, e
podemos não estar sempre rendidos ao Espírito como deveríamos. Sendo assim, não
há na Escritura exortações aos Cristãos para serem “selados” ou “ungidos”
com o Espírito. Esses termos têm a ver com a presença permanente do Espírito no
crente. E como os Cristãos são crentes, já receberam o Espírito. Há, no
entanto, exortações na Escritura para serem “cheios” do Espírito.
Bem
podemos perguntar: “Como é que um Cristão se enche do Espírito?” As passagens
seguintes, que falam do “encher”, nos dão a resposta:
- Em Atos 2:1-4, dedicando-se aos interesses do Senhor.
- Em Atos 4:31, ocupando-se com a oração e a leitura da Palavra de Deus.
- Em Atos 6:3 e Atos 11:22-24, servindo aos outros em nome do Senhor.
- Em Atos 7:55, testemunhando de Cristo.
- Em Efésios 5:18-21, regozijando-se no Senhor com canto e ações de graças.
Porém,
para que possamos ser preenchidos,
precisamos primeiro ser esvaziados de
tudo o que é incompatível com o Senhor. Muitas vezes há coisas na vida dos
crentes que não têm direito de estar ali, e elas impedem o Espírito.
Consequentemente, Ele não os enche. Podem ser pensamentos impuros, motivos
indignos, desejos cobiçosos, interesses e ambições egoístas etc. Essas coisas
certamente precisam ser lançadas fora e a grande questão é: “Como fazer isso”?
A resposta é: “Sob o princípio do deslocamento”. H. P. Barker deu a conveniente
ilustração sobre este ponto. Ele disse: “Suponha que eu tenha em minha mão um
copo, aparentemente vazio. Na verdade, ele está cheio de ar. Como posso esvaziá-lo
do ar? Não por agitá-lo freneticamente com a boca para baixo, nem limpando-o
com um pano. Ele é esvaziado simplesmente por estar parado em uma mesa enquanto
é enchido com água. Eu o esvazio de ar enchendo-o com água.” (The Holy Spirit Here Today, pág. 78). É
o mesmo que ser cheio do Espírito; quando coisas e atividades Cristãs ocupam
nossos pensamentos e nossa vida, aquelas outras coisas não terão lugar nela. Se
tentarmos forçar a estarmos cheios do Espírito de outra maneira, a vida Cristã
vai se tornar uma coisa legalista e, afinal, desmoronará por falta de energia
para continuar nelas.
Estar cheio do
Espírito Santo tem muito a ver com se entregar às reivindicações de Cristo e ao
Hóspede divino que habita em nós. Nossa vontade é a principal culpada de
impedir essa entrega. Outra ilustração de H. P. Barker nos ajuda a entender
este ponto. Na Alemanha, há muitos anos, um magnífico órgão de tubos de renome
mundial foi construído em uma grande catedral. Um dia um visitante foi à
catedral e perguntou se ele poderia tocar o órgão. O zelador disse ao visitante
que não era permitido deixar estranhos tocarem o instrumento. O visitante
insistiu, e, finalmente, depois de muita persuasão, o zelador permitiu-lhe
sentar-se ao órgão. Imediatamente, a música mais deslumbrante fluiu daquele
órgão e encheu a catedral. O zelador ficou atônito e parou imóvel, admirado,
enquanto ouvia os maravilhosos sons que reverberavam pela construção. Após o
visitante ter tocado por algum tempo e estando prestes a sair, o zelador foi
até ele e perguntou: “Quem é você?” Ele respondeu: “Mendelssohn” – Era o grande
compositor em pessoa! Então o zelador ficou constrangido e disse: “Imagine só;
eu estava aqui impedindo você, um homem tão eminente e de tal habilidade, e o
maior compositor na Europa, de tocar este órgão! Estou envergonhado de mim
mesmo”. Muito mais excelente do que qualquer compositor humano famoso, o
Espírito de Deus entrou em nosso coração quando fomos salvos. Mas temos nós,
como aquele zelador, proibido o Compositor divino de sentar-Se ao painel de
controle de nossa vida para criar, por assim dizer, “uma belíssima música” para
a glória de Deus?
Gloria a Deus pelo aprendizado
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