domingo, 28 de maio de 2017

CHEIO DO ESPÍRITO


CHEIO DO ESPÍRITO – Este termo tem a ver com o estado do crente e, portanto, é algo mais do que receber “o dom do Espírito Santo” pelo qual somos habitados por Ele (At 2:38, 8:15-17, 10:45, 19:2; 2 Co 1:21-22; Gl 3:2; Ef 1:13, 4:30; 1 Ts 4:8 etc.). Estar “cheio do Espírito” (Ef 5:18; At 2:4, 4:31, 6:3, 7:55, 9:17, 11:24 etc.) tem a ver com dar o controle total de nossa vida ao Espírito de uma forma prática.
Uma ilustração dada por H. P. Barker torna clara essa distinção. Ele disse: “Um visitante em sua casa não a ocupa. Ele está restrito à parte da casa à qual você o introduziu. Se, no entanto, você colocar sua casa inteira à sua disposição, e lhe der a chave de cada quarto e armário, ele então controlará todo o lugar. Não é que ele tenha vindo para fazer isto, mas agora, por seu ato de entrega, ele terá completo controle. Assim também é com o Espírito Santo. Muitas vezes O restringimos a certas partes de nossa vida e experiência, mas Ele deseja ter total controle, para nos possuir inteiramente para os interesses de Cristo. Quando entregamos ao Seu controle toda a nossa casa, então Ele está num indisputado comando dela e, nesse sentido, nos enche” (The Holy Spirit Here Today, pág. 77).
Assim, o crente recebe o Espírito Santo uma vez em sua vida ao crêr no Senhor Jesus Cristo. Quando este Hóspede divino faz do crente Sua residência, Ele nunca o deixa, pois o crente é com Ele “selado para o dia” da sua “redenção” final – que é quando o Senhor vem no Arrebatamento (Ef 4:30; Jo 14:16 – “para sempre”). Mas o crente pode ser enchido muitas vezes. Isto é porque nosso estado é como a maré vazante, e podemos não estar sempre rendidos ao Espírito como deveríamos. Sendo assim, não há na Escritura exortações aos Cristãos para serem “selados” ou “ungidos” com o Espírito. Esses termos têm a ver com a presença permanente do Espírito no crente. E como os Cristãos são crentes, já receberam o Espírito. Há, no entanto, exortações na Escritura para serem “cheios” do Espírito.
Bem podemos perguntar: “Como é que um Cristão se enche do Espírito?” As passagens seguintes, que falam do “encher”, nos dão a resposta:
  • Em Atos 2:1-4, dedicando-se aos interesses do Senhor.
  • Em Atos 4:31, ocupando-se com a oração e a leitura da Palavra de Deus.
  • Em Atos 6:3 e Atos 11:22-24, servindo aos outros em nome do Senhor.
  • Em Atos 7:55, testemunhando de Cristo.
  • Em Efésios 5:18-21, regozijando-se no Senhor com canto e ações de graças.

Porém, para que possamos ser preenchidos, precisamos primeiro ser esvaziados de tudo o que é incompatível com o Senhor. Muitas vezes há coisas na vida dos crentes que não têm direito de estar ali, e elas impedem o Espírito. Consequentemente, Ele não os enche. Podem ser pensamentos impuros, motivos indignos, desejos cobiçosos, interesses e ambições egoístas etc. Essas coisas certamente precisam ser lançadas fora e a grande questão é: “Como fazer isso”? A resposta é: “Sob o princípio do deslocamento”. H. P. Barker deu a conveniente ilustração sobre este ponto. Ele disse: “Suponha que eu tenha em minha mão um copo, aparentemente vazio. Na verdade, ele está cheio de ar. Como posso esvaziá-lo do ar? Não por agitá-lo freneticamente com a boca para baixo, nem limpando-o com um pano. Ele é esvaziado simplesmente por estar parado em uma mesa enquanto é enchido com água. Eu o esvazio de ar enchendo-o com água.” (The Holy Spirit Here Today, pág. 78). É o mesmo que ser cheio do Espírito; quando coisas e atividades Cristãs ocupam nossos pensamentos e nossa vida, aquelas outras coisas não terão lugar nela. Se tentarmos forçar a estarmos cheios do Espírito de outra maneira, a vida Cristã vai se tornar uma coisa legalista e, afinal, desmoronará por falta de energia para continuar nelas.
Estar cheio do Espírito Santo tem muito a ver com se entregar às reivindicações de Cristo e ao Hóspede divino que habita em nós. Nossa vontade é a principal culpada de impedir essa entrega. Outra ilustração de H. P. Barker nos ajuda a entender este ponto. Na Alemanha, há muitos anos, um magnífico órgão de tubos de renome mundial foi construído em uma grande catedral. Um dia um visitante foi à catedral e perguntou se ele poderia tocar o órgão. O zelador disse ao visitante que não era permitido deixar estranhos tocarem o instrumento. O visitante insistiu, e, finalmente, depois de muita persuasão, o zelador permitiu-lhe sentar-se ao órgão. Imediatamente, a música mais deslumbrante fluiu daquele órgão e encheu a catedral. O zelador ficou atônito e parou imóvel, admirado, enquanto ouvia os maravilhosos sons que reverberavam pela construção. Após o visitante ter tocado por algum tempo e estando prestes a sair, o zelador foi até ele e perguntou: “Quem é você?” Ele respondeu: “Mendelssohn” – Era o grande compositor em pessoa! Então o zelador ficou constrangido e disse: “Imagine só; eu estava aqui impedindo você, um homem tão eminente e de tal habilidade, e o maior compositor na Europa, de tocar este órgão! Estou envergonhado de mim mesmo”. Muito mais excelente do que qualquer compositor humano famoso, o Espírito de Deus entrou em nosso coração quando fomos salvos. Mas temos nós, como aquele zelador, proibido o Compositor divino de sentar-Se ao painel de controle de nossa vida para criar, por assim dizer, “uma belíssima música” para a glória de Deus?

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