CONFISSÃO – A Escritura
indica que há dois tipos de confissão entre os homens. Uma delas é a confissão
de “Jesus como Senhor” e está
relacionada com a salvação inicial da alma (Rm 10:9-10) e a outra é a confissão
de pecados, que está relacionada com a restauração de um crente que falhou (1
Jo 1:9).
Muitos têm a ideia de
que pecadores arrependidos que vêm a Cristo para a salvação devem confessar
seus pecados. Mas a Escritura não diz isso. Se fosse necessário fazer isso para
ser salvo, então ninguém seria salvo! Qual pecador pode lembrar-se de todos os
seus pecados? Especialmente quando consideramos que “a lâmpada (dos pensamentos)
dos perversos é pecado” (Pv 21:4 – TB) e “O pensamento do tolo é pecado” (Pv 24:9). Nesse caso,
nossos pecados devem ser milhares – talvez milhões! Seria uma tarefa impossível
para um pecador confessar tudo isso. Felizmente,
Deus não coloca isso como condição da salvação de nossa alma. O pecador que
busca a salvação deve reconhecer (ou confessar) que é um pecador, e ao crer,
deve confessar Jesus como Senhor. Mas Deus não exige que ele tenha de confessar
cada pecado que cometeu em sua vida para ser salvo.
Muitos
Cristãos evangélicos pensam que, para que alguém seja verdadeiramente salvo,
deve fazer uma confissão pública de sua fé em Cristo. Romanos 10:9 é usado para
apoiar essa ideia. Diz: “Se com a tua
boca confessares ao Senhor Jesus [a
Jesus como Senhor – TB], e em teu coração creres que Deus O
ressuscitou dos mortos, serás salvo”. Como resultado, os pregadores
evangélicos muitas vezes impelem confissões públicas em suas reuniões e
comícios evangélicos. Eles fazem um “chamado ao altar” ao seu público, pedindo
àqueles que querem ser salvos para irem à frente fazer uma declaração pública
de sua fé. No entanto, se fizermos da confissão da fé em Cristo perante os
homens uma condição de sua salvação eterna, então a bênção do evangelho não seria
unicamente no princípio da fé, mas teria como base a fé e as obras! E isso é
contrário aos fundamentos do evangelho (Rm 3:26-31, 4:4-5; Ef 2:8-9). Além
disso, significaria que uma pessoa não poderia ser salva se estivesse sozinha
em algum lugar deserto – porque não teria ninguém para quem confessar! De
acordo com essa ideia, poderia haver “arrependimento
para com Deus e a fé em nosso Senhor Jesus” (At 20:21 – TB), mas não seria
suficiente! Há uma condição adicional – deveria haver confissão de fé a alguém.
Mas e se ela morresse antes de ter uma chance de dizer a alguém de sua fé em
Cristo? De acordo com esse ensinamento, estaria perdida! Não é necessário dizer
que essa ideia equivocada não está de acordo com a Escritura.
“Confessar” em Romanos 10:9
significa “concordar” (Concordância
de Strong) ou “expressar acordo” (“homologeo” em grego). A questão é:
expressar concordância com quem? A. Roach disse que, à luz de Filipenses 2:11, “toda a língua confesse que Jesus Cristo é
o Senhor, para glória de Deus Pai” e de Romanos 14:11 “toda a língua confessará a Deus”, é claro que essa confissão deve
ser feita a Deus, não aos homens. O
crente reconhece diante de Deus que “Jesus
Cristo é o Senhor”. H. A. Ironside disse: “A confissão aqui não é,
naturalmente, a mesma quando nosso Senhor diz: ‘Portanto, qualquer que Me confessar diante dos homens, Eu o
confessarei diante de Meu Pai, que está
nos céus’. Essa é antes a confissão da alma ao próprio Deus que ele recebe
Jesus como Senhor” (Lectures on Romans,
págs. 130-131).
Paulo
menciona a “boca” antes de o “coração” (que é a ordem encontrada em
Deuteronômio 30:14), mas em Romanos 10:10, ele inverte essa ordem, dando a
verdadeira ordem que ocorre quando uma pessoa é salva. Assim, a recepção interna da Palavra por fé resulta em uma
expressão externa da fé de alguém na
confissão de que “Jesus Cristo é o
Senhor”.
Em
condições normais, um crente verdadeiro fará uma confissão de sua fé em Cristo
diante daqueles de seu convívio. Isso deve acontecer de forma bastante natural,
pois as boas novas da salvação são muito boas para que sejam guardadas apenas
para nós mesmos. Confissão de nossa fé diante dos homens é bom, e se um crente
não confessar Cristo diante dos homens, lhe serão negadas uma recompensa e uma
menção honrosa perante o Pai no dia vindouro (Mt 10:32-33) – mas essa não é uma
condição pela qual ele é salvo eternamente. Um novo crente pode hesitar em
confessar Cristo no início, mas seu bem-estar eterno não depende disso. Paulo
ensinou que a bênção da salvação é unicamente sob “o princípio da fé” (Rm 1:17, 3:30, 4:16, 5:1 – todos da JND). Ele estaria
contradizendo-se em Romanos 10:9, se estabelecesse a condição de confissão
diante dos homens como base da salvação de uma pessoa.
O
segundo tipo de confissão tem a ver com pecados, mas é em conexão com um crente
sendo restaurado à comunhão com Deus. 1 João 1:9 diz: “Se (nós) confessarmos os nossos pecados, Ele é fiel e justo,
para nos perdoar os pecados, e nos purificar de toda a injustiça”. O “nós” neste versículo se refere aos
filhos na família de Deus – os Cristãos. Um crente que falhou, tendo permitido
o pecado em sua vida, precisa voltar ao seu caminho em arrependimento até o
ponto de partida de seu desvio do Senhor e confessar esses pecados a Deus Pai.
Ao fazer isso, ele julga a si mesmo e chega ao fundo da causa de seu desvio.
Alguém perguntou a J. N. Darby sobre uma situação em que alguém se afastou, mas
não pode pensar em nenhum pecado em particular que tenha sido a causa desse
afastamento de Deus. Ele disse que nesse caso, a pessoa poderia confessar seu mau
estado.
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Eu confesso que Jesus Cristo é o Senhor e que Deus o ressuscitou dos mortos.
ResponderExcluirEu creio.