domingo, 14 de maio de 2017

DISPENSAÇÕES


DISPENSAÇÕES – A palavra “dispensação” significa “a administração de uma casa”, ou “o gerenciamento de uma família”, ou “a lei de uma casa”. No sentido usado na Escritura, fala de um tratamento público, ordenado por Deus aos homens na administração de Seus caminhos, em Sua casa, durante várias eras.
Uma vez que a casa de Deus na Terra não foi estabelecida num sentido verdadeiro até que Ele formalmente assumiu relações com Israel no terreno da redenção, com a construção do tabernáculo onde Ele pôde encontrar-Se com eles (Êx 25-40), poderíamos dizer que a partir desse momento em diante há três dispensações principais nos caminhos de Deus (The Concise Bible Dictionary, págs. 216-217). Antes disso, os homens andavam com Deus como indivíduos, mas não havia um sistema público, ordenado por Deus, tratando com os homens coletivamente em relação à Sua casa.
A primeira delas é a dispensação da lei, que era um tratamento ordenado por Deus aos homens (a nação de Israel), segundo o qual as obrigações e exigências da Lei deveriam ser cumpridas pelo povo para que eles pudessem andar em comunhão com Deus. Essa administração passou por três fases:
  • Cerca de 400 anos sob os Juízes (desde a entrada de Israel na terra de Canaã até o final dos Juízes – At 13:19-20).
  • Cerca de 500 anos sob os reinos (de Saul ao cativeiro babilônico).
  • Cerca de 600 anos de testemunho profético durante os tempos dos gentios (do cativeiro a João Batista (Lc 16:16). 

A segunda dispensação é a presente “dispensação [administração – JND] do Mistério” (Ef 3:9). Essa é uma administração especial para o governo de uma companhia celestial de pessoas (a Igreja) neste presente Dia da Graça. O apóstolo Paulo foi encarregado de “demonstrar a todos” acerca do que envolvia essa administração (Ef 3:9). Três vezes ele fala de lhe ter sido “dada” uma revelação especial da verdade relativa à presente “dispensação” (1 Co 9:17; Ef 3:2; Cl 1:25). Ele devia ensinar as grandes verdades do Mistério “que desde os séculos esteve oculto” que dizia respeito a “Cristo e à Igreja” (Ef 3:9, 5:32), incluindo, desde o chamado da Igreja até os arranjos práticos para os santos se reunirem para adoração e ministério. A Igreja propriamente não é uma dispensação, mas é governada por uma dispensação ou lei da casa de Deus em relação à verdade revelada no Mistério.
O ministério da graça realmente começou com o ministério de nosso Senhor Jesus Cristo (Jo 1:17), mas quando Seu povo terreno O rejeitou, Deus revelou a presente dispensação do Mistério no chamado celestial da Igreja, com a vinda do Espírito Santo em Pentecostes (At 2:1-4, 11:15). Os crentes hoje estão sendo chamados dentre os judeus e dentre os gentios para fazer parte de uma coisa nova, celestial – a Igreja, o corpo e a noiva de Cristo (At 15:14, 26:17). O encargo do verdadeiro ministério Cristão é “promover a dispensação de Deus” ajudando os santos que compõem a Igreja a entender seu chamado celestial em Cristo e a viver a vida deles de acordo com a atual administração de Sua casa (1 Tm 1:4).
A terceira dispensação ainda está por vir – “a dispensação da plenitude dos tempos” (Ef 1:10). Essa será uma ordem especial de Deus aos homens durante o reinado público de Cristo no Milênio. O remanescente restaurado de Israel e das nações gentias desfrutarão uma porção terrena de bênção sob a administração de Cristo e a Igreja, que reinará sobre o universo desde os céus (Sl 103:19; Ap 21:10).
Essas três dispensações (ou administrações) da casa de Deus são imensamente diferentes. Na verdade, quanto mais as estudarmos, mais veremos como são diferentes. Por exemplo, a dispensação da lei tem a ver com um povo que tem uma porção e um destino terrenal, enquanto que a dispensação do Mistério – intercalada entre a dispensação da lei e a dispensação da plenitude dos tempos – tem a ver com pessoas que têm um chamamento e um destino celestial (a Igreja). Atualmente, o tratamento de Deus com a nação de Israel está suspenso (Dn 9:24-27; Os 5:15-6:3; Mq 5:2-3; Rm 11:11-24 etc.). Enquanto isso Ele está chamando os crentes deste mundo pelo evangelho da Sua graça para compor a Igreja (At 15:14, 26:17). Quando o número total de crentes eleitos for salvo e trazido à Igreja (Rm 11:25), Deus retomará Seus tratos com Israel e trará um remanescente de todas as doze tribos à bênção (Rm 11:26-27). As nações gentias também serão abençoadas, sujeitas a esse remanescente, no reino milenar de Cristo. Assim, houve uma mudança nos caminhos dispensacionais de Deus, da Lei à Graça, administrada em o Mistério, e haverá outra mudança da administração do Mistério para a administração do reino milenar. Em um dia próximo, quando o propósito de Deus for totalmente cumprido, o reino terá pessoas na Terra abençoadas em relação a Cristo, e também pessoas no céu abençoadas com Cristo.
Muitas vezes as dispensações foram confundidas com as eras (ou séculos). Alguns tentaram uniformizá-las e torná-las na mesma coisa. Por exemplo, o Dicionário da Bíblia de Unger diz: “Uma dispensação é uma era de tempo durante a qual o homem é testado”. Esquema das “Sete Dispensações” de C. I. Scofield é outro exemplo dessa mistura.
No entanto, eras e dispensações não são iguais. W. Kelly disse: “A palavra ‘dispensação’ não tem nenhuma referência a um determinado período ou era” (Lectures on the Epistle to the Ephesians, pág. 27 – nota de rodapé). Uma “era” é um período de tempo, e uma “dispensação” é uma ordenação moral e espiritual de Deus durante um período de tempo, em relação a alguma verdade específica que Ele concedeu à Sua casa. De acordo com isso, J. N. Darby falou de estar “em” uma época, mas “sob” uma dispensação (Collected Writings, vol. 10, pág.12).


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