terça-feira, 13 de junho de 2017

GLÓRIA



GLÓRIA – Ela pode ser descrita como “excelência em exibição” ou “excelência manifestada”. É usada na Escritura em conexão com Deus, o Pai (Rm 6:4; Fp 2:11) e com Deus, o Filho (Jo 11:4, 13:31-32). Também é usada para descrever o estado final dos santos. Em conexão com as Pessoas da Divindade, a glória tem a ver com os atributos divinos sendo trazidos à exibição. Toda perfeição e excelência são encontradas na Pessoa de nosso Senhor Jesus Cristo. A Escritura declara pelo menos sete grandes glórias que Lhe pertencem. Elas se dividem em duas categorias:
  • Suas glórias intrínsecas – Essas são qualidades essenciais inerentes à Sua Pessoa, sendo Ele Perfeito como é. Elas não foram dadas a Ele, nem Ele as adquiriu – elas sempre foram Suas por causa de Quem Ele é. Algumas dessas glórias foram veladas quando Ele Se tornou um Homem, e algumas não podiam ser veladas.
  • Suas glórias adquiridas – Essas são glórias que o Senhor trouxe para Deus por meio do Seu poder e graça. Algumas dessas glórias são compartilhadas com Seu povo redimido, e algumas não podem ser compartilhadas.

1) Glória divina

Hebreus 1:2-3 diz: “Filho, a Quem constituiu herdeiro de tudo, por Quem fez também o mundo, o Qual, sendo o resplendor da Sua glória, e a expressa imagem da Sua Pessoa”. Essa “glória” é Sua glória intrínseca, essencial na Divindade. O Senhor não a adquiriu, porque sempre Lhe pertenceu, pois Ele estava “com Deus” e “era Deus” (Jo 1:1; 1 Tm 6:14-16). Os atributos da Divindade que residem n’Ele são eternidade, infinidade, onisciência, onipotência, onipresença, imutabilidade, impecabilidade, soberania, autossuficiência e justiça. Essa glória nunca será compartilhada com os homens; pertence exclusivamente à Divindade. (Veja: Deidade)

2) Glória da filiação

João 1:14 diz: “E o Verbo Se fez carne, e habitou entre nós, e contemplamos Sua glória, uma glória como de um unigênito para com o pai, cheio de graça e verdade” (JND). Essa é uma glória intrínseca que Cristo tem como sendo o Unigênito Filho de Deus. Também, não é uma glória adquirida; Ele sempre a teve, sendo o Filho eterno de Deus (Is 9:6; Hb 1:5; 1 Jo 4:14).
João 1:14 nos diz que o Senhor trouxe Consigo a eterna glória da Filiação na Sua Humanidade, e os que tinham fé contemplaram essa glória. Em um parêntese, João qualifica o caráter da glória que o Senhor tinha como o Filho de Deus, mostrando a glória que um filho unigênito tem com seu pai, tendo a atenção e afeto plenos e indivisíveis de seu pai. Assim, “um unigênito para com o pai” (JND) não é grafado com maiúsculas no texto porque se refere à relação humana de um pai com seu filho. O Espírito de Deus está usando isso para ilustrar a afeição que o Pai tem pelo Filho.
Quando o termo “Unigênito” é aplicado ao Senhor Jesus, refere-se à Sua sempre-existente relação com Deus, o Pai. Demonstra o prazer do Pai n’Ele. Da mesma forma, quando o Senhor Jesus veio entre os homens, eles O viram vivendo no pleno gozo do amor de Seu Pai. Ele era o Objeto da total atenção e deleite de Seu Pai (Mt 3:17), porque Ele sempre habitava “no seio do Pai” (Jo 1:18; Pv 8:30) como “o Filho do Seu amor” (Cl 1:13). A “túnica de várias cores” de José é uma figura dessa glória. A túnica o distinguia como sendo o filho do amor especial de seu pai (Gn 37:3-4). José é uma figura de Cristo.
Ao retornar a Seu Pai nas alturas, o Senhor pediu que Ele pudesse ter essa glória de Filho – que Ele tinha com o Pai “antes que o mundo existisse” – como um Homem glorificado (Jo 17:5). Esse não era um pedido para que Ele fosse reinvestido com esta glória porque Ele nunca a renunciou. Seu pedido era para tê-la agora como um Homem glorificado. Isso Lhe foi concedido em Sua ascensão, quando Ele foi “recebido acima em glória” (1 Tm 3:16 – JND). Essa glória de Filho que Cristo tem não será compartilhada com os redimidos, mas o lugar que Ele tem como Filho diante do Pai é compartilhado conosco! (Ef 1:5; Gl 4:5-6).

3) Glória da criação

        A Bíblia diz: “Os céus manifestam a glória de Deus e o firmamento anuncia a obra das Suas mãos” (Sl 19:1). Esse versículo indica que as três Pessoas da Divindade estavam envolvidas na criação, pois “Deus” (Elohim) é plural no hebraico (Gn 1:1). Veja também Eclesiastes 12:1 (“Criador” é plural). O Pai era a Fonte (Hb 3:4; At 14:15), o Espírito era o Poder (Gn 1:2; Jó 26:13), mas o Filho era o Agente pelo qual a obra foi feita (Jo 1:3, 10; Cl 1:16; Hb 1:2; Ap 4:11).
A glória do Senhor como Criador não é uma glória intrínseca que Ele sempre teve; havia um ponto na eternidade passada, quando Ele não tinha essa glória. Foi adquirida quando “Ele fez os mundos” (Hb 1:2 – JND; Jo 1:3, 10). Essa glória jamais foi velada; ela é exibida diariamente diante de todos (Sl 19:2-4).

4) Glória moral

Sendo o Senhor Quem era, quando Ele Se tornou um Homem e viveu neste mundo, Sua vida foi perfeita. Havia uma glória moral conectada com tudo o que Ele disse e fez que simplesmente não poderia ser escondida ou velada. No final de Sua senda terrena, Ele olhou para Deus, Seu Pai e disse: “Eu glorifiquei-Te na Terra” (Jo 17:4). De todos os homens que já viveram na Terra, Ele é O único que realmente pôde dizer isso a Deus.
Sua vida foi caracterizada pela obediência e submissão à vontade de Seu Pai (Jo 4:34, 8:29). Como um Homem perfeitamente dependente, Ele viveu de cada palavra que saía da boca de Deus (Mt 4:4). Nos quatro evangelhos, contemplamos uma vida de total abstinência de Si mesmo, como atesta a Escritura: “Cristo não Se agradou a Si mesmo” (Rm 15:3 – TB). Ele estava cheio de graça e “o Qual andou fazendo bem, e curando a todos os oprimidos do diabo” (At 10:38). Ele trabalhou para o bem dos outros e livremente Se valeu do poder de Deus para suprir todas as reais necessidades deles, mas pessoalmente sofreu necessidade, fome e sede, sem jamais fazer um milagre para Si mesmo. Suas atividades eram principalmente nas camadas mais humildes da vida. Ele sempre foi acessível; Ele nunca Se desviou de uma pessoa que veio a Ele (Jo 6:37). Ele teve tempo para as crianças (Mt 19:13-15), e o órfão e as viúvas encontraram misericórdia n’Ele (Lc 7:11-17).
Quando Ele falava, as pessoas “se maravilhavam das palavras de graça que saíam da Sua boca” (Lc 4:22). Não havia engano em Sua boca (1 Pe 2:22). As pessoas diziam: “nunca homem algum falou assim como este Homem” (Jo 7:46). Sua sabedoria prática deu evidência ao fato de que Ele vivia na presença do Senhor Deus que Lhe deu “a língua dos que são instruídos” para que Ele “saiba sustentar com palavras o que está cansado” (Is 50:4 – TB). Ele conversou com a mulher no poço com um tato maravilhoso, e ganhou-a de uma vida de pecado sem realizar um único milagre (Jo 4). Sendo confrontado por aqueles que se opuseram a Ele, nunca discutiu ou disse uma palavra em um tom de voz inadequado. Quando insultos pessoais eram lançados sobre Ele, nunca Se defendia. Foi somente quando os homens maus lançaram seus ataques depreciativos contra a glória de Deus, que Ele lhes respondeu com uma sabedoria maravilhosa (Jo 8:48-49). Ao longo de toda Sua vida e ministério, Ele ilustrou perfeitamente Seu próprio ensinamento – “fazei bem, e emprestai, sem nada esperardes” (Lc 6:35). Não há um momento sequer onde Ele tenha exigido algo daqueles a quem Ele restaurou e livrou. Quando Ele amou, curou e salvou, não buscou nada em troca.
No entanto, Sua santidade fez d’Ele um total Estranho num mundo contaminado. Ele frequentemente passava noites a céus abertos sem um lugar para recostar Sua cabeça, porém nunca Se queixou de ter sido deixado sozinho e rejeitado (Jo 7:53-8:1; Lc 9:58). Ele era tão humilde e despretensioso que não era proeminente entre Seus discípulos embora fosse o Mestre deles. Em Sua prisão no jardim, eles não puderam identificá-Lo como o Líder do pequeno grupo que O seguia, e tiveram que perguntar qual deles era Ele. Visto que havia ensinando diariamente no templo, eles deveriam ter sido capazes de identificá-Lo (Jo 18:4-8). Quando foi maltratado e injuriado pelos principais sacerdotes e anciãos, e mais tarde pelas autoridades romanas, “quando padecia não ameaçava, mas entregava-Se àqu’Ele que julga justamente” (1 Pe 2:23). Quando estava sofrendo e morrendo na cruz, quando todos os outros estavam pensando em si mesmos, Ele ainda tinha tempo para o ladrão que estava à beira da morte e da condenação. Encontrou tempo para derramar o azeite e o vinho dos recursos de Deus quando viu verdadeiro arrependimento ali (Lc 23:40-43).
Essa glória moral está sendo compartilhada agora com os redimidos, pois foi dada a eles a própria vida de Cristo e, portanto, têm a capacidade de manifestar essas feições morais, que estão sendo formadas neles agora pelo Espírito na medida em que eles estejam ocupados com Ele (2 Co 3:18). Essa obra de conformidade moral será completada quando o Senhor vier (o Arrebatamento), ocasião em que glorificará Seu povo celestial, livrando-o da natureza caída. Então serão completamente como Cristo – moralmente (1 Jo 3:2). No Estado Eterno, o céu e a Terra serão preenchidos com uma nova raça de homens que são moralmente perfeitos como Cristo.

5) Glória da redenção

Essa é uma glória que Cristo adquiriu ao entrar na morte e consumar a redenção. Tendo glorificado a Deus sobre a questão do pecado na cruz, Deus “O ressuscitou dentre os mortos e Lhe deu glória (1 Pe 1:21). Ele está agora à direita de Deus “coroado de glória e de honra” (Hb 2:9). Essa é uma glória adquirida. É algo que o Senhor não tinha antes de realizar Sua obra consumada na cruz. Ele a ganhou ou a adquiriu por ser obediente até a morte, e assim, trouxe uma glória a Deus que a Divindade não tinha antes. A maravilha disso é que Ele compartilha essa glória com os Seus redimidos! “Eu dei-lhes a glória que a Mim Me deste” (Jo 17:22; 2 Ts 2:14). No dia milenar vindouro, ela será exibida diante de todos, “para que o mundo conheça” o grande amor que Cristo tem pela Igreja (Jo 17:23; Ef 5:25).

6) Glória da preeminência

Quando o Senhor Jesus ressuscitou de entre os mortos, Ele Se tornou a Cabeça de uma nova raça de homens – a nova criação (Ap 3:14). Ao fazê-lo, Ele adquiriu outra glória que não tinha até então. Na nova criação, Ele é “o Primogênito entre muitos irmãos” (Rm 8:29). “Primogênito”, nesse sentido, não se refere a ser o primeiro na ordem de nascimento, mas primeiro em ordem e posição. (Compare Gn 48:14 com Jr 31:9 e 1 Cr 2:13-15 com Sl 89:27). Sendo o “Primogênito”, Ele sempre terá o primeiro lugar na nova criação, e assim, há uma glória especial conectada com essa posição que apenas Ele tem e que Lhe pertence por direito. Essa glória especial distingue o Senhor de todos os outros homens na nova raça, “para que em tudo tenha a preeminência” (Cl 1:18). Ele tem “um Nome que é sobre todo o nome” (Fp 2:9; Ef 1:21). O Senhor orou para que pudéssemos contemplar essa glória, dizendo: “aqueles que Me deste quero que, onde Eu estiver, também eles estejam Comigo, para que vejam a Minha glória que Me deste” (Jo 17:24). Essa glória não é compartilhada.

7) Glória do reino

As Escrituras do Velho Testamento estão cheias de descrições da glória oficial do Reino de Cristo. Todo israelita piedoso esperava o dia em que seu Messias e Rei reinasse sobre toda a Terra (Zc 14:9). Quando o reino for estabelecido em poder no mundo vindouro, “a glória do Senhor encherá toda a Terra” (Nm 14:21; Hc 2:14; Ez 39:21, 43:2). “Ajuntarei todas as nações e línguas; e virão, e verão a Minha glória... que não ouviram a Minha fama, nem viram a Minha glória; e anunciarão a Minha glória entre as nações” (Is 66:18-19). Esta glória é algo que Ele ainda vai adquirir, e fará isso por meio de Seus severos juízos quando da Sua Aparição.
Quando o Senhor Jesus andou entre os homens, Deus deu a três dos apóstolos um vislumbre dessa glória futura do reino no monte de transfiguração (Mt 17:1-9; 2 Pe 1:16-18). “Quando despertaram, viram a Sua glória (Lc 9:32). Essa glória do reino do Senhor será compartilhada com a Igreja, pois Ele a associará Consigo na administração do mundo vindouro. Sob a figura de uma “cidade” que desce dos céus – “tinha a glória de Deus” – a Igreja como a noiva de Cristo refletirá a glória do reino de Cristo diante do mundo (Ap 21:9-22:5; Rm 8:18).
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Em conexão com o estado final dos santos, “glória” refere-se à excelência que se manifestará em sua condição glorificada – no espírito, na alma e no corpo. Cristo foi glorificado dessa maneira quando Ele ressuscitou dentre os mortos e ascendeu à mão direita de Deus (At 3:13; 1 Pe 1:21; 1 Tm 3:16), mas os Cristãos e os santos do Velho Testamento aguardam esta glorificação, que não ocorrerá até que Cristo venha – o Arrebatamento (Rm 8:17-18; 1 Co 15:43, 51-56; 2 Co 5:1-4; Fp 3:21; 1 Ts 4:15-18; Hb 11:40; 1 Jo 3:2). Finalmente, todos os que irão povoar os “novos céus e nova Terra” também serão glorificados (2 Pe 3:13; Ap 21:1).
Na mente de muitos Cristãos, “glória” é sinônimo de céu. Eles falam dela como se fosse um lugar no céu onde Deus habita, para o qual um crente vai depois que morre. Muitos hinos refletem essa ideia equivocada – como: “Venham juntar-se a esse grupo santo que segue para a glória” (Hinário Ecos de Glória n° 29). Ou, “Ninguém pode ir para a glória, nem habitar com Deus acima...” (n° 307). No entanto, na Escritura “glória” é uma condição, não um lugar. Muitas traduções não ajudam o assunto, pois afirmam que Cristo foi “recebido acima na glória” em Sua ascensão (1 Tm 3:16). Mas essa é uma tradução errada; o versículo deveria dizer que Ele foi recebido “em glória”, o que significa que Ele subiu ao céu em uma condição glorificada.
Usando as expressões “em glória” e “na glória” do modo como os Cristãos geralmente usam, confunde o estado atual dos santos que partiram com seu futuro estado de glorificação. Os crentes que partiram estão no céu com o Senhor agora, mas ainda não estão lá em glória (num estado glorificado). O corpo deles ainda está no túmulo, aguardando a ressurreição. J. N. Darby disse: “O estado intermediário, então, não é a glória (para isso devemos esperar pelo corpo; ele é ressuscitado em glória, Ele irá mudar nosso corpo, e moldá-lo como o Seu corpo glorioso)” (Collected Writings, vol. 31, pág. 185). Assim, seria incorreto dizer que os santos que partiram estão “em glória”. Há somente um Homem que está glorificado agora – o próprio Cristo (At 3:13; Fp 2:9-11; 1 Tm 3:16; 1 Pe 1:21).

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A “glória” (Shekinah em hebraico) refere-se à presença visível de Jeová habitando sobre o arraial de Israel no deserto (Êx 13:21-22) e sobre o templo na terra de Canaã (2 Cr 5:13-14). Shekinah é uma palavra hebraica, não encontrada na Escritura, que significa “habitação” ou “presença” (Rm 9:4). Por causa do fracasso de Israel, a nuvem de glória foi removida deles, significando que Deus não poderia mais Se identificar publicamente com Seu povo errante. A nuvem de glória foi removida lentamente, mostrando a relutância do Senhor em Se retirar do Seu povo. O Senhor desejava morar com eles, mas eles estavam em um estado tal que isso não era mais possível. A nuvem de glória foi removida deles em sete etapas:
  • Ela estava sobre o “querubim” no santuário (Ez 8:4, 9:3a).
  • Ela se removeu para a entrada da casa” (Ez 9:3b – TB).
  • Ela se removeu para sobre a entrada da casa” (Ez 10:4 – TB).
  • Ela se removeu de sobre a entrada da casa” (Ez 10:18 – TB).
  • Ela se removeu “do meio da cidade” (Ez 11:23a – TB).
  • Ele se removeu para “sobre o monte que está ao oriente da cidade” (Ez 11:23b).
  • Ela se removeu para o “vale” em Babilônia “junto ao rio Quebar” (Ez 3:23).

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