sexta-feira, 9 de junho de 2017

LIVRE-ARBÍTRIO

LIVRE-ARBÍTRIO, OEste termo não é encontrado na Bíblia, mas o que ele transmite certamente é. Significa que o homem foi criado com uma vontade que era livre para escolher as coisas de Deus ou para rejeitá-las.
O que a maioria dos Cristãos evangélicos não entende é que o homem perdeu seu poder de escolha, nas coisas de Deus, quando Adão caiu (Gn 3). O homem tinha o livre-arbítrio antes de sua queda, mas exerceu sua vontade para a sua própria queda. J. N. Darby disse: “O homem estava livre no paraíso e lá estava desfrutando o bem. Mas ele usou seu livre-arbítrio e, consequentemente, tornou-se um pecador” (Letters, vol. 3, pág. 316). A raça humana sob Adão está agora em um estado caído em que o homem é cativo da sua natureza de pecado, e assim, ele não é mais um ser moral livre com livre-arbítrio. Ele está cativo do seu estado pecaminoso e é escravo de seus pecados, e assim, a não ser que Deus opere a vivificação (novo nascimento), ninguém irá a Cristo para a salvação. O homem na carne pode escolher fazer isto ou aquilo nas escolhas ordinárias da vida diária, mas nas coisas espirituais, ele nunca escolherá a Cristo.
O ensino que afirma que o homem na carne (desde a queda) tem livre-arbítrio indica um equívoco da verdadeira condição do homem caído. Ele assume que o homem em seu estado perdido ainda tem algum poder sobre o bem para se voltar para Deus para a salvação, se ele o quiser. No entanto, essa ideia errônea nega a depravação total do homem, da qual a Escritura claramente fala. A Bíblia ensina que o homem em seu estado caído é:
  • “Fraco”, e assim é incapaz de fazer qualquer coisa para ajudar a si mesmo (Rm 5:6).
  • “Não pode ver” o reino de Deus (Jo 3:3).
  • “Não pode entrar” no reino de Deus (Jo 3:5).
  • “Não pode receber” coisas espirituais de Deus (Jo 3:27, 32).
  • “Não pode ir” a Cristo para a salvação (Jo 6:44, 65).
  • “Não pode falar” (discernir) a verdade quando ela é apresentada (Jo 8:14).
  • “Não pode ouvir” a Palavra de Deus quando ela é pregada (Jo 8:43, 47).
  • “Não pode agradar a Deus” em seu estado caído (Rm 8:8). 
Assim, os homens perdidos estão espiritualmente “mortos” em seus pecados e estão sem um único pulso de vida diante de Deus (Ef 2:1, 5; Cl 2:13). Como, então, alguém em tal condição impotente pode ser capaz de escolher Cristo e crer no evangelho quando não há faculdades espirituais funcionando nele para capacitá-lo a responder ao chamado de Deus? É impossível.
J. N. Darby disse: “O homem, visto como ele é, sem um pulso de vida em relação a Deus, está morto em delitos e pecados” (Synopsis on Colossians, pág. 48, Loizeaux Bros. Edition).
P. Wilson disse: “Deus nos disse fielmente que não estamos apenas perdidos e sem qualquer força para fazer algo a respeito, mas que estávamos moralmente mortos – mortos para Deus – que não há um movimento de nosso coração para com Ele” (Christian Truth, vol. 12, pág. 250).
H. Smith disse: “Se estamos mortos, não pode haver nenhum movimento do nosso lado em direção a Deus. O primeiro movimento precisa vir de Deus” (Ephesians, pág. 17).
A. P. Cecil disse: “Antes que um homem nasça de novo, ele é visto por Deus como morto em delitos e pecados. Ele não tem mais movimento para Ele do que um cadáver tem. Você pode falar-lhe sobre Deus, mas ele não ouve, não responde e nem vê. Ele não tem fé, nem arrependimento, nem nada mais, até a ação do Espírito, quando é vivificado” (Helps By the Way, vol. 3, NS, pág. 175).
A. H. Rule disse: “O homem está num estado de morte, e se quiser ter vida, Deus precisa agir soberanamente. Deus é Quem começa. O próprio homem é impotente, como era o morto Lázaro, até que a palavra vivificante seja proferida. Humanamente falando, um homem morto não pode ouvir nem crer, nem um homem ou um anjo pode fazê-lo ouvir ou crer, mas Deus Se move na cena da morte e tudo é mudado” (Selected Ministry, vol. 2, pág. 210).
A maioria dos Cristãos afirma que o homem em seus pecados é totalmente depravado e perdido. No entanto, quando é examinada sua doutrina sobre como uma pessoa se chega a Cristo para ser salvo, se verificará que eles realmente acreditam que ainda há algo de bom no homem caído – mesmo que seja apenas uma pequena faísca. Assim, eles acreditam que o homem na carne é capaz de responder ao evangelho, se assim o desejar. O que eles estão dizendo, sem perceber, é que enquanto o homem é mau, ele não é tão ruim assim que não possa fazer algo para garantir sua própria bênção. A verdade é que antes que Deus conceda uma nova vida a uma pessoa, ela só tem uma natureza caída pecaminosa (a carne) em seu interior. Se o homem em seu estado caído escolhe ou decide vir a Cristo, então foi a carne que fez a escolha! Isso, entretanto, nunca acontecerá “pois a mente da carne é inimizade contra Deus; visto que não é sujeita à lei de Deus, nem o pode ser” (Rm 8:7 – TB). A Escritura afirma claramente que esta ação de Deus num novo nascimento não é “da vontade da carne, nem da vontade do varão” (Jo 1:13). C. Stanley comentou: “Seria um absurdo dizer que a nova natureza foi gerada pelo livre-arbítrio da nossa velha e má natureza” (Things New & Old, vol.33, pág. 29).
A verdade é que a carne não é capaz de responder ao evangelho e ser sujeita a Deus – e nunca será (Rm 8:7). A ideia de que o homem tem livre-arbítrio hoje torna a salvação fruto da própria vontade do homem. É uma doutrina que se tornou sinônimo de Arminianismo. (James Arminius, 1560-1609 d.C., ensinou que todos os homens são pecadores depravados, mas ele não viu que a depravação deles era tal que eles não podiam escolher crer no evangelho. Ele ensinou que, embora os homens sejam criaturas caídas, eles ainda são seres morais livres e, portanto, têm o poder de crer no evangelho, se assim o desejarem.)
J. N. Darby disse: “O arminianismo, ou melhor, o pelagianismo, alega que o homem pode escolher e que, assim, o velho homem é melhorado por aquilo que ele aceitou. O primeiro passo é feito sem a graça e é o primeiro passo que realmente importa neste caso. Eu creio que devemos nos manter na Palavra, mas falando de forma filosófica e moral, o livre-arbítrio é uma teoria falsa e absurda” (Letters, vol.1, págs. 315-316).
        Na realidade, desde a queda, o homem não é mais um ser moral livre. Ele é cativo de seu estado pecaminoso e escravo dos pecados que comete (Jo 8:34) e a não ser que Deus opere vivificando (novo nascimento), ninguém irá a Cristo para a salvação. Isso não significa que o homem não é responsável ​​pelo que faz. Ele escolhe cometer seus pecados, e quando os comete, fica escravo deles, mas ele ainda é responsável por tudo o que faz (Mt 12:36, Rm 14:12). Portanto, não tendo uma vontade que seja livre para escolher Cristo, não significa que um homem não é responsável por pecar. J. N. Darby assinalou que se um homem tem uma dívida de R$ 100.000,00 e não pode pagá-la, sua incapacidade de pagar não o exime de sua responsabilidade na questão.

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