domingo, 11 de junho de 2017

REUNIDO AO NOME DO SENHOR



REUNIDO AO NOME DO SENHOR – Esta expressão está baseada em Mateus 18:20 e 1 Coríntios 5:4. Refere-se à obra do Espírito de reunir os Cristãos na Terra em torno do Senhor Jesus Cristo, sobre o verdadeiro terreno da Igreja de Deus. A presença do Senhor no meio deles sanciona aquele terreno, no qual eles estão reunidos, como sendo o lugar designado por Ele onde os Cristãos devem se reunir para adoração e ministério. Sua presença também autoriza suas ações administrativas de “ligar” e “desligar”, as quais eles podem tomar em matéria de disciplina etc. No entanto, a presença do Senhor no meio dos assim reunidos não sanciona o seu estado que, por vezes, pode ser baixo.
Muitos Cristãos pensam que Mateus 18:20 está simplesmente afirmando o fato de que sempre e onde quer que os Cristãos se reúnam por qualquer razão ou propósito, social ou religioso, que eles têm a presença do Senhor com eles. Embora seja verdade que o Senhor está “com” os Cristãos onde quer que estejam e para qualquer propósito que eles se reúnam (Mt 28:20; Hb 13:5), isso não é o que o Senhor estava ensinando em Mateus 18:20 quando disse que Ele estaria “no meio”. Isso é confundir o Senhor estar com os crentes e estar no meio dos crentes reunidos ao Seu nome. Estas são duas coisas diferentes.
Os três pontos seguintes nos ajudarão a entender o que significa estar reunido para o nome do Senhor:
Em primeiro lugar, o PROPÓSITO de Deus em reunir os Cristãos ao nome do Senhor é para que haja uma demonstração viva da unidade do corpo de Cristo na Terra (Rm 12:4-5; 1 Co 10:17, 12:12; Ef 1:22-23, 5:30). Ele deseja que exista uma expressão visível da unidade do corpo resultante dos crentes andando juntos eclesiasticamente – isto é, na doutrina e prática da Igreja (Ef 4:1-4). Deus chamou todos os Cristãos a uma comunhão universal (mundial) onde Ele os teria todos juntos agindo assim de forma prática (1 Co 1:9), onde a uniformidade e a unidade seriam vistas, entre aqueles assim reunidos, de várias maneiras:
  • Na função e na ordem da assembleia (1 Co 1:2, 4:17, 7:17, 11:16, 14:33-34, 16:1).
  • No ato de partir o pão (1 Co 10:17).
  • Em assuntos de comunhão entre as assembleias, cartas de recomendação etc. (At 18:24-28; Rm 16:1; 2 Co 3:1-3).
  • Em assuntos de disciplina de assembleia (1 Co 5:12-13; 2 Co 2:6-11).
  • Na formação de reuniões em novas áreas (1 Ts 2:14; At 8:4-24). 
A unidade prática do corpo de Cristo é aludida em Mateus 18:20 na palavra “reunidos”. (A unidade prática entre os Cristãos também é mencionada em João 10:16, 11:51-52, 17:11, 21, mas no contexto da unidade da família de Deus). O Senhor não revelou a verdade do um só corpo em Seu ministério terrenal, porque os discípulos ainda não tinham o Espírito e não seriam capazes de se apropriar dessa verdade (Jo 14:25-26, 16:12). Mas Ele indicou que haveria um novo tipo de unidade que surgiria quando a Igreja fosse formada. Assim, o Senhor mostrou a semente dessa verdade em Seu ministério, mas deixou-a para ser ensinada pelos apóstolos quando recebessem o Espírito.
É triste dizer que a Igreja em grande parte não entendeu o propósito de Deus em reunir. Ou por boas intenções ou por vontade própria, ela se tornou dividida no seu funcionamento prático, e agora está fragmentada em milhares de seitas e comunidades independentes (denominacionais e não denominacionais). Assim, a Igreja hoje testifica ao mundo seu estado dividido – tanto na doutrina como na prática. Não é preciso dizer que isso não é o que o Senhor pretende.
Em segundo lugar, para realizar esse objetivo no testemunho Cristão, Deus tem um LUGAR designado onde iria reunir Cristãos para expressar a verdade do um corpo. Não é uma localização literal, geográfica na Terra, como no judaísmo (Jerusalém), mas um terreno espiritual de princípios bíblicos sobre os quais Ele teria Cristãos reunidos para manifestar essa unidade. Isso é indicado pelas palavras “onde” e “aí”, em Mateus 18:20.
Hebreus 13:13 nos diz que este lugar de reunião é “fora do arraial”. O “arraial” é uma palavra que o Espírito de Deus usa para indicar o judaísmo e todos os seus princípios e práticas relacionados a ele. Assim, essa comunhão à qual os Cristãos são chamados é livre daquela ordem judaica de coisas. Os Cristãos de um modo geral (por centenas de anos) também perderam esse ponto e trouxeram muitas coisas ligadas ao culto judaico aos lugares onde adoram. Eles ignoraram o ensinamento claro da Escritura que diz que o tabernáculo é uma figura do verdadeiro santuário ao qual agora temos acesso pelo Espírito (Hb 9:8-9, 23-24, 10:19-22). Em vez disso, eles o usaram como um padrão para suas organizações, e incorporaram muitas coisas da adoração do Velho Testamento em um sentido literal, tais como: o uso de templos (catedrais), uma casta de homens ordenados para oficiar em nome do resto da congregação, uma orquestra, um coro, o uso de vestes especiais, a prática do dízimo, observância da Lei etc. No mundo Cristão hoje há uma proliferação de comunhões Cristãs que são repletas de coisas tomadas da ordem judaica. Qualquer pessoa que busque o lugar da escolha do Senhor (e que deseje estar verdadeiramente reunida ao Seu nome) terá que desviar seu olhar de todos esses lugares na Cristandade, porque eles têm os aparatos do judaísmo em seus cultos de adoração, e a comunhão, para a qual o Espírito está conduzindo os Cristãos, está fora de tudo isso. (Veja: O Arraial)
O objetivo de Deus é ter os Cristãos juntos em um só terreno de reunião, em um único centro divinamente reconhecido (Cristo no meio), mesmo que eles possam viver em muitos locais diferentes na Terra. Isso une os Cristãos de forma prática e manifesta um testemunho singular diante do mundo de que eles são “um corpo”. Na verdade, esta é a primeira responsabilidade coletiva na qual os Cristãos têm de andar de uma maneira digna da vocação com que foram chamados (Ef 4:1-4). Portanto, a presença do Senhor no meio (neste sentido coletivo de assembleia) só poderia haver onde Deus reúne os Cristãos ao nome do Senhor. Se o Senhor reconhecesse com a Sua presença em seu meio, todos os grupos de crentes que se reúnem para adoração e ministério em seus diferentes lugares, então Ele estaria sancionando as muitas divisões no testemunho da Igreja. Seria sancionar a própria coisa que Ele condena! Portanto, o Senhor não poderia estar (neste sentido) em todo lugar onde os Cristãos se reúnemW. Potter disse: “Suponha que o Senhor Se fizesse presente agora nas diferentes denominações, o que Ele estaria fazendo? Estaria sancionando aquilo que é contrário a Ele mesmo. Ele não pode fazer isso” (Gathering Up The Fragments, pág. 87). Ele também disse: “Você quer dizer que o Senhor não está no meio de nenhum outro no mesmo sentido? Decididamente, Ele não está” (Gatherings Up The Fragments, pág. 90).
Isso pode parecer restrito e exclusivo, mas realmente não deveria nos surpreender, porque a própria natureza do Cristianismo é exclusiva. Existe apenas uma maneira de sermos salvos (At 4:12), e apenas um caminho para o Pai (Jo 14:6) etc. – e há apenas uma maneira pela qual Deus quis que os Cristãos se reunissem para a adoração e ministério. Toda a revelação Cristã da verdade é exclusiva, e não podemos pedir desculpas pela verdade. Ela é o que é.
Em terceiro lugar, apesar de os Cristãos estarem espalhados por todo o mundo, Deus tem o PODER para reuni-los dessa maneira. Ele faz isso por meio da obra do Reunidor divino, o Espírito Santo. O Espírito de Deus leva os crentes exercitados ao lugar de Sua escolha. A Quem mais poderia o Senhor confiar o ajuntamento de Seu povo ao Seu nome, senão ao Espírito de Deus? Os homens mais bem-intencionados têm procurado reunir o povo do Senhor, mas, desconhecendo a verdade da reunião, formaram comunidades cristãs de sua própria invenção. Tendo estabelecido essas várias comunidades cristãs, eles incentivam os crentes a “ir à igreja de sua escolha”, como se fosse uma questão de preferência pessoal. O resultado é que os Cristãos foram absorvidos em várias comunidades Cristãs criadas pelo homem que são independentes umas das outras, ao invés de estarem unidas em uma comunhão universal. Essa não pode ser a obra do Espírito Santo, porque Ele nunca conduz ao contrário da Palavra de Deus.
Se o Espírito Santo levasse os Cristãos a se unir para adoração e ministério em suas muitas comunidades independentes, então Ele seria o Autor das divisões na Cristandade! Ele, então, poderia ser responsabilizado pelo estado dividido do testemunho Cristão! Certamente nenhum Cristão sóbrio acusaria o Espírito de Deus de criar o triste e dividido estado do testemunho da Igreja. H. Smith disse: “Estaria o Espírito Santo reunindo todas as comunidades divididas e independentes que procuram apropriar-se dessa promessa (Mt 18:20)? Tal suposição envolve necessariamente colocar a responsabilidade pelas divisões e independências deploráveis e desonrosas a Cristo sobre o Espírito Santo. Essa multiplicidade de centros vista na igreja professante é devida à obra do “Espírito de verdade” que veio para glorificar a Cristo? Longe esteja esse pensamento!” (Gathered Together, pág. 3).
Embora o Espírito Santo não seja diretamente mencionado em Mateus 18:20, é claro que Ele é o Reunidor divino. Isso é visto nas palavras, “estão congregados” (TB). O Senhor não disse, “Onde dois ou três se ajuntam” ou “se reúnem”, como algumas traduções modernas apresentam. “Estão congregados” está na voz passiva, e isso aponta para o fato de que houve um poder de reunião, fora das próprias pessoas, que foi envolvido na reunião delas nesse terreno. Isso mostra que o terreno divino de reunião não é uma associação voluntária de crentes. H. Smith disse: “Para usar uma ilustração simples, eu vejo um cesto de frutas sobre a mesa. Como elas chegaram lá? Estavam reunidas; elas não chegaram lá por seus próprios esforços. No grego, a palavra traduzida como “reunidos” é “sunago”, que literalmente significa “conduzidos juntos”, e poderia ser traduzida, “são guiados juntos” – tudo isso então sugere um Reunidor” (Gathered Together, pág. 2). A Concordância de Strong afirma que a palavra “sunago” (#4863) significa “conduzidos juntos” ou “coletados”. O Dicionário Expositivo de Vine do Novo Testamento afirma que “sunago” significa “reunir ou ajuntar” (pág. 482).
Lucas 22:7-10 vê o assunto da reunião e a obra do Espírito Santo como o Reunidor divino de uma perspectiva diferente. Como Mateus 18:20, a passagem em Lucas também tem o “onde” e o “aí” (versículos 9, 12), mas Lucas considera o lado da responsabilidade do homem, enquanto Mateus considera o lado da soberania de Deus. Lucas mostra que os Cristãos precisam ser exercitados a respeito de estar no lugar que o Senhor escolheu.
Em Lucas 22, o Espírito de Deus é visto na figura de “um homem” com “um cântaro de água”, levando os crentes exercitados ao lugar que o Senhor escolheu. Muitas vezes, na Escritura, o Espírito de Deus é visto como um homem anônimo que trabalha nos bastidores. Isso porque não é o objetivo do Espírito de Deus chamar a atenção para Si mesmo. No Cristianismo, Ele trabalha nos bastidores guiando os crentes exercitados à verdade (Jo 16:13-14), e é também a razão pela qual Ele não é diretamente mencionado em Mateus 18:20. A “água”, que o homem carregava, significa a Palavra de Deus (Ef 5:26). Isso indica, então, que o Espírito de Deus usa os princípios da Palavra de Deus para conduzir os crentes ao lugar que o Senhor escolheu.
Lucas 22, portanto, concentra-se no que é exigido de nós para sermos guiado pelo Espírito para o lugar. Precisamos ter um sincero desejo de saber onde está o lugar de Sua escolha. Isso é ilustrado quando Pedro e João perguntam ao Senhor: “Onde queres que a preparemos?” (v. 9). Também precisa haver energia da fé para agir e assim procurar ser conduzido pelo Espírito para o lugar (Gn 24:27). Isso é ilustrado nas palavras, “E indo eles... (v. 13). Há também o exercício de subir as escadas da separação para o “cenáculo” (v. 12). Isso indica a necessidade de se separar de toda conexão com o mundo – tanto secular quanto religioso (2 Tm 2:19-22). Finalmente, tendo sido direcionado para o lugar de Sua escolha, precisa haver o exercício de fazer “os preparativos” (v. 12). Isso se refere a estar em um estado espiritual correto de alma que seria adequado à Sua presença. Preparamos nossa alma por meio do julgamento próprio (1 Co 11:28).


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