sábado, 10 de fevereiro de 2018

SALVAÇÃO

SALVAÇÃO – Esse é talvez o termo mais abrangente de todos do Novo Testamento, com uma grande variedade de significados e aplicações. Tem a ver com todo tipo de libertação de perigos e dos julgamentos que poderiam haver para o crente, desde sua justificação à sua glorificação. Uma vez que existem muitos aspectos e aplicações diferentes para a salvação, é igualmente verdade para um crente dizer: “Eu fui salvo, estou sendo salvo e eu serei salvo”.
A confusão surgiu de Cristãos que não distinguiram esses aspectos da salvação e das ideias errôneas que daí resultaram. Na mente de muitos, toda a menção à salvação na Escritura faz referência ao aspecto eterno da salvação do castigo que nossos pecados merecem. No entanto, W. Kelly salientou que esse aspecto geralmente não é o que está em vista na maioria das passagens que falam da salvação (Lectures on Philippians, pág. 43). O estudante da Bíblia, portanto, deve discernir a qual aspecto da salvação se refere a passagem que ele está lendo. Geralmente o contexto indicará isso. Existem três categorias principais de salvação:
  • Salvação eterna.
  • Salvação presente.
  • Salvação final.

1) Salvação eterna (Hb 5:9)

É pregada aos pecadores pelo evangelho, pelo qual eles creem no Senhor Jesus Cristo e são salvos do castigo eterno de seus pecados (At 4:12, 16:30-31; Rm 10:1, 9-10, 13; 1 Co 1:18, 7:16, 15:1-2; Ef 1:13; 1 Tm 2:4; 2 Tm 2:10; Tg 1:21; 1 Pe 1:9). Às vezes é referida como a salvação de nossa alma e tem a ver com o crente encontrar a paz no descanso da fé na obra consumada de Cristo, quando então é selado com o Espírito Santo. Esta salvação eterna nunca pode ser perdida. (Veja: A Segurança Eterna do Crente)
Os Cristãos tendem a usar prematuramente o termo “salvo” em conexão com a salvação eterna, quando se referem a pessoas que mostram sinais de vida divina. O Sr. Kelly disse: “Na verdade, eu acho que é uma grande falha da atualidade fazer da ‘salvação’ uma palavra muito comum e usual. Você encontrará muitos evangélicos constantemente dizendo que quando um homem se converte ele é salvo, no entanto provavelmente seria bastante prematuro dizer tal coisa... não é garantido dizer que toda pessoa convertida é salva, porque ela pode ainda estar com dúvidas e temores – isto é, sua consciência pode estar como que sob a lei. ‘Salvo’ liberta a pessoa de toda a sensação de condenação, levando-a a Deus conscientemente livre em Cristo, não apenas diante de Deus com sincero desejo de ser piedoso. Uma pessoa não é convertida até que seja conscientemente trazida diante de Deus, mas então (sendo apenas convertida), pode se sentir a mais miserável de todas nessa situação desesperadora. A Escritura nos permite chamar essa pessoa de ‘salva’? Certamente não” (Lectures Introductory to the Study of the Minor Prophets, págs. 375-376).
Cornélio é um exemplo de uma pessoa nesse estado. Antes de Pedro entrar em contato com ele, era evidentemente nascido de Deus, e, portanto, recebeu vida divina. Ele era um homem temente a Deus e devoto, um homem cujas orações foram ouvidas diante de Deus (At 10:2-4). O Senhor mostrou a Pedro em uma visão que Cornélio tinha sido purificado (At 10:15, 28). Mas nesse momento, ele claramente não era salvo! Sabemos isso porque Pedro foi enviado para lhe dizer “palavras” pelas quais ele e toda a sua casa poderiam ser “salvos” (At 11:14). Essa pessoa está a salvo quanto ao seu destino eterno, porque ela tem vida (pela vivificação), mas ela não está salva, no sentido que Paulo emprega, até que descanse por fé na obra consumada de Cristo.

2) Salvação presente

Esse aspecto da salvação tem a ver com a libertação das circunstâncias adversas da vida pelas quais passamos. Como há muitos perigos no caminho da fé, os crentes precisam desse tipo de salvação prática.
Existem muitas maneiras diferentes pelas quais os crentes são salvos nesse sentido prático:

a) Salvo pelo batismo


O julgamento governamental de Deus está sobre o mundo incrédulo dos judeus e dos gentios por terem abandonado-O, e atualmente está sentindo as consequências disso (Gl 6:7).
Quanto à geração dos judeus que foram responsáveis pela morte de Cristo (At 3:14-15; 1 Ts 2:14-15), nos primórdios da história da Igreja (At 2-7), Deus estava prestes a responder à oração do Senhor na cruz e fazer com que a cegueira governamental envolvesse a nação culpada (Sl 69:22-23; At 28:25-27; Rm 11:25; 2 Co 3:14-15). Esse julgamento não só resultaria em cegueira, mas também na destruição da nação pelos romanos (Sl 69:24-26; Mt 22:7; Lc 21:5-24). Enquanto isso, outra oração do Senhor na cruz, pedindo perdão governamental, foi respondida em relação aos que creram n’Ele (Lc 23:34). Assim, a misericórdia de Deus estava sendo estendida à nação por certo tempo antes do julgamento de Deus cair sobre eles. Aqueles que do povo corressem para Cristo buscando refúgio (Hb 6:18-20) e fossem batizados (At 2:38-40, 22:16), poderiam evitar esse julgamento governamental de cegueira. O batismo formalmente os desassociaria daquele terreno culpado sobre o qual a nação se encontrava e os colocaria no terreno Cristão, onde o visível favor de Deus repousava. Assim, o apóstolo Pedro pôde dizer: “o batismo agora nos salva (1 Pe 3:21 – TB). Pedro qualificou sua observação para que ninguém a entendesse mal, acrescentando: “não a purificação da imundícia da carne, mas a questão a respeito de uma boa consciência para com Deus”. De acordo com isso, no dia de Pentecostes, ele pregou à nação culpada dos judeus: Salvai-vos desta geração perversa” (At 2:40). Ele explicou que eles poderiam receber essa salvação, arrependendo-se e sendo batizados em nome de Jesus Cristo (At 2:38). Isso mostra que a salvação a que ele se referia era algo governamental, bem como eterno, e libertaria aqueles que criam do julgamento que havia sido pronunciado sobre a nação. (Veja: O Governo deDeus)
Quanto aos gentios que também estão sob o julgamento governamental de Deus por viverem longe de Deus moral e espiritualmente (Êx 34:7b), eles também precisam ser batizados e, assim, se desvincularem do terreno pagão sobre o qual estavam vivendo. Em relação aos gentios, o Senhor disse: “Quem crer e for batizado será salvo (Mc 16:15-16). Crer daria à pessoa a salvação da alma e ser batizado lhe daria a salvação governamental. O batismo desassociaria os crentes gentios da posição anterior e os colocaria no terreno Cristão (At 10:47-48).

b) Salvo pelo poder da vida de Cristo no alto (Rm 5:10 – JND)

Isso tem a ver com ser salvo no caminho da fé, em um sentido prático, dos perigos espirituais armados exteriormente contra nós pelo inimigo (Satanás) e interiormente pelas más obras da natureza do pecado. Andar num mundo que se opõe a Deus e a Seus princípios é como andar por um campo minado. Há perigos espirituais em todos os lugares e muito para atrair e excitar nossa natureza pecaminosa (a carne). Deus conhece plenamente isso e está envolvido em nos salvar desses perigos de forma prática.
Para efetuar essa salvação prática, o Senhor subiu às alturas para realizar três coisas para este fim – assim, somos salvos por Sua vida”.
  • Em primeiro lugar, o Senhor subiu ao alto para enviar o Espírito (At 2:33) e assim nos dar o poder da vida em ressurreição, que, quando assim vivida, neutraliza a atividade interior da carne (Rm 8:2).
  • Em segundo lugar, Ele subiu ao alto para ser o Objeto para o coração do crente em uma esfera completamente fora do mundo e da carne (Jo 17:19). Na medida em que nos ocupamos com Ele e Suas coisas onde Ele está, o mundo, a carne e o diabo perdem seu poder de influência em nossa vida (1 Jo 5:4-5).
  • Em terceiro lugar, Ele subiu ao alto para interceder por nós, em nosso caminho no deserto, como nosso Sumo Sacerdote. O efeito da Sua intercessão é que somos salvos completamente” de perigos e armadilhas espirituais que foram colocadas no caminho pelo inimigo de nossa alma. Para obter o benefício da intercessão de Cristo, precisamos “nos achegar a Deus por Ele”, que se refere a expressar nossa dependência de Deus na oração (Hb 7:25 – TB).

c) Salvo pelo cuidado providencial de Deus (Mt 8:25, 14:30, 24:13; 1 Tm 2:15, 4:10, 6:13)

Há também muitos perigos físicos e riscos que todos os homens na Terra enfrentam diariamente. Esses podem ser acidentes, problemas de todos os tipos, doenças, má vontade e ataques de quem se opõe a nós etc. Muitas vezes, nem percebemos os perigos que nos rodeiam, mas as misericórdias de Deus são tais que Ele trabalha nos bastidores (providencialmente) para nos salvar dessas coisas. Em condições normais, esse aspecto da salvação ou preservação diária é experimentado por todas as criaturas de Deus, não apenas pelos Cristãos. A Escritura diz: “temos posto a nossa esperança no Deus vivo, que é o Salvador [Preservador – JND] de todos os homens, especialmente dos que creem” (1 Tm 4:10 – TB; Sl 145:15-19; At 14:17).
Podemos nos perguntar por que alguns sofrem acidentes e problemas quando Deus está trabalhando para preservar suas criaturas do perigo? Essas coisas acontecem aos pecadores de vez em quando, porque Deus está tentando chamar a atenção deles e fazer com que se tornem para Cristo. Isso também acontece com os crentes por estarem na escola de Deus, e Deus usa esses problemas para lhes ensinar lições morais (Sl 119:65-72). Seus caminhos são perfeitos; Ele não comete erros nas coisas que permite (Sl 18:30; Rm 8:28). Mas em condições normais, Ele preserva misericordiosamente todos os homens e “especialmente os que creem” (TB).
Em 1 Timóteo 2:15, Paulo indica que, se os Cristãos continuarem no caminho da fé em “amor e santidade”, eles podem ter uma confiança adicional ao saber que o cuidado preservador de Deus será experimentado na vida deles. Paulo menciona isso em conexão com Salvar-se-á, porém, dando à luz filhos”, mas o cuidado providencial de Deus será experimentado por Seu povo em muitos diferentes caminhos e não apenas no momento de dar à luz filhos, se eles continuarem fielmente no caminho.
Mateus 24:13 indica que, na grande tribulação, o fiel remanescente judeu sofrerá dificuldades e tentações terríveis. O Senhor disse que “aquele que perseverar até ao fim será salvo. Isso refere-se à vida deles sendo poupada do martírio, e assim eles serão preservados vivos nesses tempos difíceis “até ao fim” desse período. Todos esses celebrarão sua salvação em louvor ao Cordeiro no reino milenar (Ap 7:9-12). Alguns do remanescente crente serão martirizados e, portanto, não serão salvos nesse sentido. A alma deles irá para o céu (Ap 6:9-11, 15:2-4) para esperar a ressurreição de seu corpo mais tarde (Ap 14:13, 20:4).

d) Salvo pela sã doutrina (1 Tm 4:16; Tg 1:21)

O apóstolo Paulo anunciou a Timóteo que havia uma grande apostasia iminente que aconteceria na profissão Cristã “nos últimos tempos” (1 Tm 4:1). Como resultado, muitas doutrinas errôneas iriam permear a profissão Cristã e afastariam as massas para longe da verdade. Enquanto um verdadeiro crente não pode se apostatar, ele pode ser afetado pela corrente da apostasia, e assim começar a abandonar certos princípios e práticas que já sustentou. Paulo disse a Timóteo como ele poderia ser preservado deste escorregão. Ele disse: “Tem cuidado de ti mesmo e da doutrina: persevera nestas coisas; porque, fazendo isto, te salvarás, tanto a ti mesmo como aos que te ouvem” (1 Tm 4:16). Assim, a verdade doutrinal nos preservará de cair em erro, se ela for mantida em comunhão com Deus (Sl 40:11).

e) Salvo vestindo o capacete da salvação (Ef 6:17; 1 Ts 5:8)

Isso tem a ver com a proteção de nossos pensamentos (v. 17a). Satanás está constantemente tentando afastar os Cristãos de seguirem o Senhor. Uma de suas maneiras mais eficaz é colocar sementes do mal em nossa mente. Ele não conhece nossos pensamentos (ele não é onisciente), mas ele pode trazer certas coisas diante de nós que são calculadas para produzir uma resposta em nosso coração que por fim afastará nossos pensamentos de Cristo. Quando outras coisas, além de Cristo, ocupam nossa mente e quando não estamos desfrutando da nossa porção em Cristo, estaremos num estado onde poderemos facilmente nos afastar do caminho da fé. No entanto, quando mantemos nossos pensamentos fixados em Cristo e em Seus interesses, estamos nesse sentido vestindo “o capacete da salvação, e isso funcionará como uma libertação prática dessa linha de ataque. Mas note que temos que colocar o capacete; Deus não o coloca em nós. Isso mostra que Deus quer que sejamos exercitados de forma responsável sobre essa salvação prática. H. E. Hayhoe costumava dizer: “Cuidado com o que você pensa e que isso possa ser Cristo” (Sl 94:19; Is 26:3; Lc 12:29; Fp 4:7; Cl 3:1).

f) Salvo pelo exercício do julgamento próprio (1 Pe 4:17-18)

O apóstolo Pedro falou dos julgamentos governamentais de Deus em relação aos que estão em Sua casa. Isso inclui crentes verdadeiros e os que simplesmente professam ser crentes. Ele menciona que há muitas dificuldades no caminho das quais um crente precisa ser salvo. Isso se refere aos julgamentos governamentais de Deus com o Seu povo caso não sejam cuidadosos em sua caminhada (1 Pe 1:17, 3:12). Tendo em vista o caráter judaico da epístola em sua aplicação, a nota de rodapé “f” de 1 Pe 1:18 da Tradução de J. N. Darby afirma: “Salvo aqui na Terra pelas provas e julgamentos que especialmente afligem o Cristão judeu”.
O apóstolo Paulo menciona essa mesma necessidade de julgamento próprio em 1 Coríntios 11:28-32. Ele afirma que “se nós nos julgássemos a nós mesmos, não seríamos julgados” por Deus dessa maneira. Ele também menciona que alguns dos coríntios, evidentemente, não estavam praticando o julgamento próprio e estavam sendo “repreendidos [disciplinados – ARA] pelo Senhor” como consequência – ao ponto que alguns deles estavam “doentes” e muitos já “dormiam” na morte (1 Jo 5:16).
Tiago menciona essa mesma ação governamental de Deus (Tg 5:19-20). Ele afirma que, se um crente não for cuidadoso em sua caminhada e se afastar dela de alguma maneira, e persistir nesse curso, Deus poderá tratar com ele de maneira governamental podendo até levá-lo à morte. Isso não significa que perderia sua salvação eterna, mas que ele perderia o privilégio de viver neste mundo como testemunho para Cristo. Como isso não é o que Deus deseja, Tiago nos diz que os irmãos daquele que está andando errado devem buscá-lo para sua restauração antes que as coisas alcancem esse ponto (Gl 6:1). Se um irmão ou uma irmã puder alcançar a pessoa rebelde e ela for restaurada, Tiago diz que aquele que faz esse bom trabalho pode salvar uma alma da morte (prematura)” (Ec 7:17).
Isso também se aplica a uma assembleia local em um sentido coletivo (2 Co 7:10). Se uma assembleia negligencia julgar o mal no meio dela, incorrerá no julgamento governamental de Deus (1 Co 11:30). Paulo diz que “a tristeza segundo Deus opera arrependimento para a salvação. Assim, a assembleia se salva do julgamento governamental de Deus ao lidar com o mal em seu meio e colocando fora de comunhão os envolvidos no mal. 

g) A assembleia é salva mantendo sua unidade prática (Fp 2:12)

O inimigo de nossa alma deseja destruir a paz na assembleia local, semeando a discórdia no seu meio. Ele provoca “contenda”, fazendo com que certos indivíduos busquem “vanglória” (Fp 2:3). Muitas assembleias foram despedaçadas como resultado.
Paulo ensinou em Filipenses 2 que, se a unidade feliz for mantida na assembleia, o inimigo será frustrado. Ele explica que isso é feito por cada um tendo “humildade” e considerando “os outros superiores a si mesmo” (vs. 2-4). Paulo também ensinou que, para produzir essa humildade, é necessário ter nossa mente fixa em Cristo, que é o modelo da humildade (vs. 5-11). Se cada um adotasse a mente humilde de Cristo e imitasse Sua humildade, a assembleia seria salva dos desígnios de Satanás para destruir a unidade. Assim, eles deveriam coletivamente operar a sua própria salvação, cada um tomando o lugar mais baixo (vs. 12-14). Paulo disse que quando a unidade é mantida em uma assembleia, resulta em um testemunho brilhante na comunidade (vs. 15-16, Jo 13:35). Assim, Paulo estava falando de uma salvação prática e diária em conexão com conflitos internos dentro da assembleia. Sua menção de salvação aqui não tem nada a ver com a salvação eterna da alma.
As notas de uma reunião de leitura sobre Filipenses 2:12 em um periódico mensal nos dizem: “Esse versículo foi muitas vezes mal interpretado como se dissesse, trabalhe para a salvação, enquanto o que ele diz é ‘opere’. Penso que o versículo se refere às dificuldades que estavam presentes na assembleia em Filipos e não algo individual. Foi chamada a atenção que o verbo está no plural, e quando ele diz ‘vossa’, Paulo aparentemente tem em mente as dificuldades na assembleia local... A salvação referida nessa passagem não é a salvação da alma, que é obtida por fé em nosso Senhor Jesus Cristo, mas é a salvação diária em relação às muitas dificuldades que nos assolam em nosso caminho. Isso se torna mais óbvio, à medida que avançamos nessa epístola, que a desunião os marcava, e era disso que precisavam ser salvos. Parece sugerir que o caminho da salvação das dificuldades era o partido que contendia se rebaixar em relação ao seu ego” (Precious Things, vol. 5, págs. 263-264).
A. M. S. Gooding disse: “‘operai a vossa salvação com temor e tremor’. Salvação do quê? Salvação das contendas” (The 13 Judges, pág. 95).
S. Maxwell disse: “Na verdade o apóstolo está dizendo aqui: estou ciente de seus problemas internos e eu lhes dei um exemplo a seguir (2:5-7), agora opere vossa própria salvação como uma assembleia. A palavra claramente indica que eles precisavam ser salvos daquilo que, no final, seria destrutivo para o testemunho, se eles não agissem para acabar com suas contendas” (Philippians, pág. 210).
W. Potter disse: “Operai a vossa salvação... [isto é] em conexão com as dificuldades da assembleia... esse é o claro significado de operai a vossa salvação com temor e tremor”.

h) Israel será salvo temporalmente recebendo Cristo como seu Messias (Hb 2:3-5)

A “grande salvação a que o escritor de Hebreus se refere nesta passagem não é a salvação eterna da alma, como normalmente se pensa, mas a libertação temporal do jugo romano que estava sobre a nação. Naquela época os judeus estavam cativos aos romanos que governavam sobre eles em sua própria terra, e eles precisavam muito desta salvação. O Senhor Jesus foi enviado por Deus para efetuar essa libertação como a salvação poderosa” de Deus para a nação (Lc 1:68-71). Assim, veio anunciando esse aspecto da salvação, pregando “libertação aos cativos” (Lc 4:18-19). À Sua entrada em Jerusalém, o povo clamou “Hosana” (Mt 21:15), que significa: “Salve agora”! Mas os líderes levaram o povo a rejeitá-Lo, e a promessa dessa grande salvação foi, portanto, adiada. Se os judeus tivessem recebido Cristo, Ele os salvaria de seus inimigos e os libertaria da escravidão, e a nação teria evitado sua destruição no ano 70 d.C.
O escritor diz que essa grande salvação foi primeiro “anunciada pelo Senhor”. Ele foi por toda a terra de Israel pregando “o evangelho do reino” que anunciava essa libertação exterior para a nação (Mt 4:23; Mc 4:14). O escritor também diz que a promessa dessa salvação temporal foi “confirmada” ao povo pelos apóstolos (Hb 2:3; At 3:19-21) e também pelo “testemunho” de Deus mesmo nos milagres que acompanharam a pregação desse evangelho (Hb 2:4; At 3:6-10 etc.). Assim, a nação provou “a boa Palavra de Deus e as obras de poder da era vindoura” (Hb 6:5 – JND) e teria tido as bênçãos do reino como prometidas pelos seus profetas, se tivessem recebido a Cristo.
“A grande salvação” em Hebreus 2:3 não poderia estar se referindo à salvação da alma anunciada no “evangelho da graça de Deus” (At 20:24; 1 Pe 1:9), porque diz que esta salvação foi anunciada pela primeira vez pelo Senhor quando Ele estava aqui na Terra. Mas Ele não pregou esse evangelho. Isso não aconteceu até que Israel rejeitou formalmente a Cristo, enviando um homem (Estevão) a Deus com a mensagem: “Não queremos que Este reine sobre nós” (Lc 19:14; At 7:54-60), só então o evangelho da graça de Deus foi estendido ao mundo (At 13:46-48, 15:14, 20:24, 28:28). Como mencionado, o evangelho que o Senhor pregou foi o do reino (Mt 4:23; Mc 4:14). Essa mensagem apresentou-O como o Rei e o Messias de Israel que viria à nação no seu tempo de necessidade para salvá-los dos seus inimigos, e então Ele estabeleceria o reino no poder e glória como prometido nos escritos dos profetas do Velho Testamento (Sl 95-96). (Veja: O Evangelho)
H. Smith disse: “Na sua interpretação estrita (Hebreus 2:3), a salvação da qual o escritor fala não é o evangelho da graça de Deus, como apresentado hoje, nem contempla a indiferença de um pecador quanto ao evangelho. No entanto, uma aplicação nesse sentido certamente pode ser feita, pois é verdade que não pode haver escapatória no final para quem negligencia o evangelho. Aqui está a salvação que foi pregada pelo Senhor aos judeus, pela qual um caminho de escape foi aberto ao remanescente crente, julgamento esse que estava a ponto de cair sobre a nação. Essa salvação foi depois pregada por Pedro e os outros apóstolos nos primeiros capítulos dos Atos, quando eles disseram: ‘Salvai-vos desta geração perversa’. Esse testemunho foi confirmado por Deus ‘por sinais, e milagres, e várias maravilhas’. Esse evangelho do reino será novamente pregado após a Igreja ter sido completada” (The Epistle to the Hebrews, págs. 12-13).
Em relação a Hebreus 2:3, J. N. Darby disse: “É a pregação de uma grande salvação, feita pelo próprio Senhor quando estava na Terra; não o evangelho pregado e a Igreja reunida após a morte de Cristo. Esse testemunho, consequentemente, continua no Milênio sem falar da Igreja, fato a ser notado não apenas nesses versículos, mas em toda a epístola” (Collected Writings, vol. 28, pág. 4).

3) Salvação final (Rm 5:9, 13:11; Fp 3:20-21; Hb 9:28; 1 Pe 1:5)

Esse aspecto da salvação tem a ver com o nosso corpo sendo feito perfeito pelo poder de Deus em glorificação. Isso ocorrerá quando o Senhor vier por nós no Arrebatamento. Os santos falecidos serão ressuscitados em “incorruptibilidade” e os santos vivos terão seu corpo transformado em um estado de “imortalidade” (Rm 8:11; 1 Co 15:53-55).
Esse aspecto final da salvação também inclui ser salvo da “ira vindoura”, por ser tirado deste mundo no Arrebatamento, para que não passemos pela grande tribulação (Rm 5:9; 1 Ts 1:10; Ap 3:10). F. B. Hole disse: “O dia da ira está chegando. Duas vezes antes, na epístola (aos Romanos), isso foi notificado (Rm 1:18, 2:5). Seremos salvos daquele dia por Cristo. Por outras Escrituras, sabemos que Ele nos salvará, tirando-nos da cena de ira antes que ela seja derramada” (Paul’s Epistles, vol. 1, pág. 15).

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