sábado, 10 de fevereiro de 2018

SANTIFICAÇÃO


SANTIFICAÇÃO – Esse termo significa “tornar santo por ser separado”. Pode ser aplicado a:
  • Pessoas (Êx 13:2; Jo 10:36; 1 Co 7:14).
  • Lugares (Êx 19:23, 29:43).
  • Coisas (Gn 2:3; Êx 40:10-11; 1 Tm 4:5).
Em relação às pessoas, existem três aspectos principais no Novo Testamento, que são:

1) Santificação absoluta ou posicional

Esse aspecto é o resultado de uma obra de Deus feita no crente por meio do novo nascimento (1 Co 6:11; 2 Ts 2:13; 1 Pe 1:2) e para o crente por torná-lo justificado por fé em Cristo (At 20:32, 26:18; Rm 1:1; 1 Co 1:2, 30; Hb 10:10, 14, 13:12; Ap 22:11). Como resultado, o crente, que estava entre a massa de pessoas não salvas que se dirigem para uma eternidade perdida, foi separado para uma nova posição diante de Deus. Esse aspecto da santificação é algo feito uma única vez na vida de um crente. Todo Cristão foi santificado nesse sentido posicional, independentemente do estado em que sua vida prática possa estar.

2) Santificação progressiva ou prática

Esse aspecto é resultado de o crente ser exercitado sobre seu estado moral e espiritual e, pela graça de Deus, buscar aperfeiçoar a santidade em sua vida de forma prática (Veja Jo 17:17; Rm 6:19; 2 Co 7:1; 1 Ts 4:4-7, 5:23; Ef 5:26-27; Hb 12:14). Esse aspecto da santificação é um exercício diário contínuo na vida do crente.

3) Santificação relativa ou provisória

Esse aspecto tem a ver com pessoas sendo colocadas em um lugar limpo na Terra por meio da separação, sem necessariamente ter um trabalho interior de fé em sua alma.
No caso de um casamento onde um dos cônjuges é salvo e o outro não, o incrédulo é “santificado” em um sentido relativo pela sua associação com o cônjuge que é santificado (1 Co 7:14). Isso não significa que o incrédulo seja salvo dessa forma, mas que ele está em um lugar de um santo privilégio.
No caso daqueles associados com Abraão, Romanos 11:16 afirma que estão em um lugar de santidade relativa. O ponto que o apóstolo estabelece nesse versículo é que se a “raiz” da nação de Israel (Abraão) tinha sido estabelecida em um lugar santo de privilégio em relação a Deus, então os “ramos” (descendentes de Abraão) estão nesse lugar “santo” também (Dt 7:6, 14:2; 1 Rs 8:53; Am 3:3). Ele não está falando do que é vital por meio do novo nascimento, mas de estar em um lugar de favor e privilégio exteriores.
O apóstolo Paulo também se refere a alguém se purificando da confusão que entrou na casa de Deus (Cristandade), “separando-se” da confusão e, assim, sendo “santificado” nesse sentido relativo (2 Tm 2:19).
A santificação relativa também é vista em Hebreus 10:29. Os judeus que professaram fé em Cristo, naqueles dias, haviam entrado em terreno Cristão e, portanto, tinham sido “santificados”, em um sentido relativo, pelo sangue de Cristo. Falando novamente, estar nesse lugar santificado não significa necessariamente que eles eram salvos. O escritor da epístola os adverte que se eles abandonassem essa posição e voltassem para o judaísmo, eles seriam apóstatas, e haveria julgamento esperando por eles (Hb 10:30-31).
O próprio Senhor também foi “santificado” nesse sentido relativo. Ele foi separado para vir para o mundo com o propósito de cumprir a vontade de Deus (Jo 10:36). Ele também Se separou para deixar este mundo e voltar para o Pai (Jo 17:19).
Uma pessoa também pode se separar para fazer o mal (Is 66:17).

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J. N. Darby advertiu sobre o perigo de enfatizar excessivamente o lado prático da santificação, afirmando que poderia ser entendido por alguns que uma pessoa pode tornar-se aceitável a Deus em seu estado natural, limpando sua vida. Ele disse que, se a separação principal das pessoas diante de Deus, pela santificação absoluta, não for realizada, a santificação torna-se um mero ajuste gradual do homem em seu estado natural para sua aceitação diante de Deus – o que, claro, não pode ser feito (Collected Writings, vol. 10, pág. 78). Não obstante, é exatamente isso que aconteceu na história da Igreja. Muitas almas ignorantes, ao longo dos anos, tentaram melhorar pela observação de leis e do ascetismo[1] na esperança de tornarem-se aceitáveis diante de Deus. Tal ideia não vê a carne como irremediavelmente má e essencialmente ignora a necessidade de um novo nascimento. Portanto, é preciso haver equilíbrio no ministério Cristão ao apresentar a verdade da santificação e, portanto, proteger-se de suposições errôneas, como a que o Sr. Darby mencionou. Na verdade, a Escritura realmente se refere à santificação em seu sentido posicional com mais frequência do que os sentidos prático e relativo.


  [1] N. do T.: O ascetismo ou asceticismo é uma filosofia de vida que prega certas práticas de mortificação própria, rituais, ou uma severa renúncia aos prazeres mundanos e na austeridade visando o desenvolvimento espiritual, como, por exemplo, a Ioga.

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