JUSTIFICAÇÃO – A justificação
tem a ver com alguém sendo liberado de todas as acusações de pecado que foram
imputadas contra ele, por ser colocado em uma nova posição diante de Deus em
Cristo, pela qual ele não é mais visto por Deus como um pecador. A pessoa é “reconhecida” ou “constituída” justa na mente de Deus, e assim sua posição legal no
céu é modificada (Rm 4:4-5, 5:19). O Concise Bible
Dictionary (pág. 446) afirma:
“A palavra ‘justificação’ pode ser interpretada como a opinião formada na mente
de Deus em relação ao crente, em vista da ordem de coisas onde Cristo é a
Cabeça. Essa opinião tem sua expressão em Cristo mesmo, e suas consequências
são vistas em Romanos 5”.
Há
duas partes da justificação – uma negativa e outra positiva:
- O lado negativo tem a ver com o crente ser limpo “de todas as coisas” – isto é, das acusações de pecado (At 13:39).
- O lado positivo tem a ver com o crente ser colocado em uma nova posição diante de Deus (“justificado em Cristo” – Gl 2:17), onde nenhuma outra acusação pode ser trazida contra ele. (“Em Cristo” é um termo técnico usado no ministério de Paulo para indicar que o crente está na posição de Cristo diante de Deus). Assim, o crente não está apenas em uma nova posição, mas está lá em uma condição totalmente nova, tendo uma nova vida que é sem pecado. Isso é chamado de “justificação da vida” (Rm 5:18).
W.
Kelly disse: “O tão importante tema da justificação foi agora totalmente
tratado, tanto do lado do sangue de Cristo derramado em expiação como o de Sua
ressurreição, sendo realizado pela morte no poder de Deus; isto é, tanto
negativamente quanto positivamente – suportando todas as consequências de
nossos pecados e manifestando o novo estado no qual Ele está diante de Deus” (Notes of the Epistle to the Romans, pág.
56).
J.
N. Darby disse: “Há duas partes da justificação – ‘dos pecados’ e ‘da vida’,
a primeira, a limpeza de meu antigo estado; e a segunda, colocando-me numa nova
posição diante de Deus” (Collected Writings, vol. 21, pág. 193). Ele também
disse: “‘Justificação da vida’, esta
era uma nova posição do homem, certamente ainda não a glória ou a ressurreição
com Cristo e a união com Ele, mas uma nova posição e postura, não era
simplesmente a limpeza dos pecados pelos quais um homem era culpado em conexão
com sua posição antiga, mas uma nova posição na vida, a justificação da vida” (Collected Writings, vol. 13, pág. 206).
F.
B. Hole disse: “A justificação, como é colocada diante de nós na Escritura,
implica mais do que a bênção negativa de sermos completa e justamente
libertados da condenação (julgamento) sob a qual estávamos. Envolve nossa
posição perante Deus em Cristo, em uma justiça que é positiva e divina” (The Great
Salvation, pág. 14).
O
grande resultado de sermos justificados é que Deus já não nos vê como antes
(como pecadores), porque agora estamos em uma nova posição diante d’Ele. Isso é
ilustrado, em figura, em Números 23. Balaão profetizou a respeito do povo de
Deus do ponto de vista de Deus (“do cume
das penhas”), representando assim o que a obra de Cristo na cruz faria dos
Cristãos por meio da justificação (v. 9). Desse ponto de vista, Deus não viu
Israel como eles realmente estavam – no deserto, no que diz respeito ao seu
estado – em todos os tipos de pecados. Balaão disse: Deus “não viu iniquidade em Israel, nem contemplou maldade em Jacó” (v.
21). O profeta não estava querendo dizer que Deus era cego; ele estava falando
sob o poder do Espírito sobre o que Israel era posicionalmente diante de Deus, e tipicamente do que somos posicionalmente diante de Deus por meio
da obra consumada de Cristo. Assim, nas epístolas de Paulo, a justificação tem
a ver com a posição do crente perante
Deus, e não o seu estado. É um ato
declaratório de Deus pelo qual um pecador ímpio é “imputado [considerado[1]
– JND] como justo (Rm 4:5).
Existem
oito expressões diferentes em relação à justificação na Escritura, cada uma
demonstrando um aspecto diferente:
- Justificado pela graça – a fonte (Rm 3:24).
- Justificado pela fé – os meios de apropriação (Rm 3:28).
- Justificado pelo sangue – o preço (Rm 5:9).
- Justificação da vida – uma nova condição (Rm 5:18).
- Justificado do pecado – uma exoneração honrosa desse senhorio (Rm 6:7).
- Justificado por Deus – Aqu’Ele que faz o reconhecimento (Rm 8:33).
- Justificado em Cristo – a nova posição de aceitação (Gl 2:17).
- Justificado pelas obras – a evidência manifestada na vida do crente de ser considerado justo diante de Deus (Tg 2:21, 24).
Alguns dizem que
justificado significa “justo como se
nunca tivesse pecado”. No entanto, essa definição está muito aquém da
verdade da justificação. Se estivesse correta, a justificação colocaria os
crentes no terreno da inocência, igual ao de Adão no Jardim do Éden antes de
pecar. Adão caiu daquela posição, e isso significa que se fôssemos colocados
ali, existiria uma possibilidade muito real de que iríamos cair também. Então,
seríamos pecadores sob julgamento novamente! Porém a justificação nos coloca em
um lugar muito mais elevado do que o da inocência. Como mencionado, nossa
posição diante de Deus como justificados é o próprio lugar de aceitação e favor
em que Cristo está diante de Deus, porque somos “justificados em Cristo” (Gl 2:17), e estamos lá com uma vida que
não pode pecar (“Justificação da vida”
– Rm 5:17). Não há possibilidade de o crente cair desse lugar.
[1] N. do T.: J. N.
Darby traduz a palavra grega “logizomai”
como reckon que significa considerar,
ter em conta, contar como sendo, pensar em alguém como sendo algo específico
Essa palavra aparece neste capítulo 4 de Romanos nos versículos 3, 4, 5, 6, 8,
9, 10, 11, 22, 23, 24. Na maioria das ocorrências nas versões em português, encontramos
a tradução de “logizomai”, como
imputar, que significa conferir ou atribuir algo a alguém.
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