SALVAÇÃO – Esse é talvez o
termo mais abrangente de todos do Novo Testamento, com uma grande variedade de
significados e aplicações. Tem a ver com todo tipo de libertação de perigos e
dos julgamentos que poderiam haver para o crente, desde sua justificação à sua
glorificação. Uma vez que existem muitos aspectos e aplicações diferentes para
a salvação, é igualmente verdade para um crente dizer: “Eu fui salvo, estou
sendo salvo e eu serei salvo”.
A
confusão surgiu de Cristãos que não distinguiram esses aspectos da salvação e
das ideias errôneas que daí resultaram. Na mente de muitos, toda a menção à
salvação na Escritura faz referência ao aspecto eterno da salvação do castigo
que nossos pecados merecem. No entanto, W. Kelly salientou que esse aspecto
geralmente não é o que está em vista
na maioria das passagens que falam da salvação (Lectures on Philippians, pág. 43). O estudante da Bíblia, portanto,
deve discernir a qual aspecto da salvação se refere a passagem que ele está
lendo. Geralmente o contexto indicará isso. Existem três categorias principais
de salvação:
- Salvação eterna.
- Salvação presente.
- Salvação final.
1) Salvação eterna (Hb 5:9)
É
pregada aos pecadores pelo evangelho, pelo qual eles creem no Senhor Jesus
Cristo e são salvos do castigo eterno de seus pecados (At 4:12, 16:30-31; Rm
10:1, 9-10, 13; 1 Co 1:18, 7:16, 15:1-2; Ef 1:13; 1 Tm 2:4; 2 Tm 2:10; Tg 1:21;
1 Pe 1:9). Às vezes é referida como a salvação de nossa alma e tem a ver com o
crente encontrar a paz no descanso da fé na obra consumada de Cristo, quando
então é selado com o Espírito Santo. Esta salvação eterna nunca pode ser
perdida. (Veja: A Segurança Eterna do Crente)
Os
Cristãos tendem a usar prematuramente o termo “salvo” em conexão com a salvação eterna, quando se referem a
pessoas que mostram sinais de vida divina. O Sr. Kelly disse: “Na verdade, eu
acho que é uma grande falha da atualidade fazer da ‘salvação’ uma palavra muito comum e usual. Você encontrará muitos
evangélicos constantemente dizendo que quando um homem se converte ele é salvo,
no entanto provavelmente seria bastante prematuro dizer tal coisa... não é garantido
dizer que toda pessoa convertida é salva, porque ela pode ainda estar com
dúvidas e temores – isto é, sua consciência pode estar como que sob a lei. ‘Salvo’
liberta a pessoa de toda a sensação de condenação, levando-a a Deus
conscientemente livre em Cristo, não apenas diante de Deus com sincero desejo
de ser piedoso. Uma pessoa não é convertida até que seja conscientemente
trazida diante de Deus, mas então (sendo apenas convertida), pode se sentir a
mais miserável de todas nessa situação desesperadora. A Escritura nos permite
chamar essa pessoa de ‘salva’? Certamente não” (Lectures Introductory to the Study of the Minor Prophets, págs.
375-376).
Cornélio
é um exemplo de uma pessoa nesse estado. Antes de Pedro entrar em contato com
ele, era evidentemente nascido de Deus, e, portanto, recebeu vida divina. Ele
era um homem temente a Deus e devoto, um homem cujas orações foram ouvidas
diante de Deus (At 10:2-4). O Senhor mostrou a Pedro em uma visão que Cornélio
tinha sido purificado (At 10:15, 28). Mas nesse momento, ele claramente não era
salvo! Sabemos isso porque Pedro foi enviado para lhe dizer “palavras” pelas quais ele e toda a sua
casa poderiam ser “salvos” (At
11:14). Essa pessoa está a salvo
quanto ao seu destino eterno, porque ela tem vida (pela vivificação), mas ela
não está salva, no sentido que Paulo
emprega, até que descanse por fé na obra consumada de Cristo.
2) Salvação
presente
Esse
aspecto da salvação tem a ver com a libertação das circunstâncias adversas da
vida pelas quais passamos. Como há muitos perigos no caminho da fé, os crentes
precisam desse tipo de salvação prática.
Existem
muitas maneiras diferentes pelas quais os crentes são salvos nesse sentido
prático:
a) Salvo pelo batismo
O
julgamento governamental de Deus está sobre o mundo incrédulo dos judeus e dos
gentios por terem abandonado-O, e atualmente está sentindo as consequências
disso (Gl 6:7).
Quanto
à geração dos judeus que foram responsáveis pela morte de Cristo (At 3:14-15; 1
Ts 2:14-15), nos primórdios da história da Igreja (At 2-7), Deus estava prestes
a responder à oração do Senhor na cruz e fazer com que a cegueira governamental
envolvesse a nação culpada (Sl 69:22-23; At 28:25-27; Rm 11:25; 2 Co 3:14-15).
Esse julgamento não só resultaria em cegueira, mas também na destruição da nação
pelos romanos (Sl 69:24-26; Mt 22:7; Lc 21:5-24). Enquanto isso, outra oração
do Senhor na cruz, pedindo perdão governamental, foi respondida em relação aos
que creram n’Ele (Lc 23:34). Assim, a misericórdia de Deus estava sendo
estendida à nação por certo tempo antes do julgamento de Deus cair sobre eles.
Aqueles que do povo corressem para Cristo buscando refúgio (Hb 6:18-20) e
fossem batizados (At 2:38-40, 22:16), poderiam evitar esse julgamento
governamental de cegueira. O batismo formalmente os desassociaria daquele
terreno culpado sobre o qual a nação se encontrava e os colocaria no terreno
Cristão, onde o visível favor de Deus repousava. Assim, o apóstolo Pedro
pôde dizer: “o batismo agora nos salva”
(1 Pe 3:21 – TB). Pedro qualificou sua observação para que ninguém a entendesse
mal, acrescentando: “não a purificação
da imundícia da carne, mas a questão a respeito de uma boa consciência para com
Deus”. De acordo com isso, no dia de Pentecostes, ele pregou à nação
culpada dos judeus: “Salvai-vos desta
geração perversa” (At 2:40). Ele explicou que eles poderiam receber essa
salvação, arrependendo-se e sendo batizados em nome de Jesus Cristo (At 2:38).
Isso mostra que a salvação a que ele se referia era algo governamental, bem
como eterno, e libertaria aqueles que criam do julgamento que havia sido
pronunciado sobre a nação. (Veja: O Governo deDeus)
Quanto
aos gentios que também estão sob o julgamento governamental de Deus por viverem
longe de Deus moral e espiritualmente (Êx 34:7b), eles também precisam ser
batizados e, assim, se desvincularem do terreno pagão sobre o qual estavam
vivendo. Em relação aos gentios, o Senhor disse: “Quem crer e for batizado será salvo” (Mc 16:15-16). Crer
daria à pessoa a salvação da alma e ser batizado lhe daria a salvação
governamental. O batismo desassociaria os crentes gentios da posição anterior e
os colocaria no terreno Cristão (At 10:47-48).
b) Salvo pelo poder da vida de
Cristo no alto (Rm 5:10 – JND)
Isso
tem a ver com ser salvo no caminho da fé, em um sentido prático, dos perigos
espirituais armados exteriormente
contra nós pelo inimigo (Satanás) e interiormente
pelas más obras da natureza do pecado. Andar num mundo que se opõe a Deus e a
Seus princípios é como andar por um campo minado. Há perigos espirituais em
todos os lugares e muito para atrair e excitar nossa natureza pecaminosa (a
carne). Deus conhece plenamente isso e está envolvido em nos salvar desses
perigos de forma prática.
Para
efetuar essa salvação prática, o Senhor subiu às alturas para realizar três coisas para este fim – assim, somos
“salvos por Sua vida”.
- Em primeiro lugar, o Senhor subiu ao alto para enviar o Espírito (At 2:33) e assim nos dar o poder da vida em ressurreição, que, quando assim vivida, neutraliza a atividade interior da carne (Rm 8:2).
- Em segundo lugar, Ele subiu ao alto para ser o Objeto para o coração do crente em uma esfera completamente fora do mundo e da carne (Jo 17:19). Na medida em que nos ocupamos com Ele e Suas coisas onde Ele está, o mundo, a carne e o diabo perdem seu poder de influência em nossa vida (1 Jo 5:4-5).
- Em terceiro lugar, Ele subiu ao alto para interceder por nós, em nosso caminho no deserto, como nosso Sumo Sacerdote. O efeito da Sua intercessão é que somos “salvos completamente” de perigos e armadilhas espirituais que foram colocadas no caminho pelo inimigo de nossa alma. Para obter o benefício da intercessão de Cristo, precisamos “nos achegar a Deus por Ele”, que se refere a expressar nossa dependência de Deus na oração (Hb 7:25 – TB).
c) Salvo pelo cuidado
providencial de Deus (Mt 8:25, 14:30, 24:13; 1 Tm 2:15, 4:10, 6:13)
Há
também muitos perigos físicos e riscos que todos os homens na Terra enfrentam
diariamente. Esses podem ser acidentes, problemas de todos os tipos, doenças, má
vontade e ataques de quem se opõe a nós etc. Muitas vezes, nem percebemos os
perigos que nos rodeiam, mas as misericórdias de Deus são tais que Ele trabalha
nos bastidores (providencialmente) para nos salvar dessas coisas. Em condições
normais, esse aspecto da salvação ou preservação diária é experimentado por
todas as criaturas de Deus, não apenas pelos Cristãos. A Escritura diz: “temos posto a nossa esperança no Deus
vivo, que é o Salvador [Preservador
– JND] de todos os homens, especialmente
dos que creem” (1 Tm 4:10 – TB; Sl 145:15-19; At 14:17).
Podemos
nos perguntar por que alguns sofrem acidentes e problemas quando Deus está
trabalhando para preservar suas criaturas do perigo? Essas coisas acontecem aos
pecadores de vez em quando, porque Deus está tentando chamar a atenção deles e
fazer com que se tornem para Cristo. Isso também acontece com os crentes por
estarem na escola de Deus, e Deus usa esses problemas para lhes ensinar lições
morais (Sl 119:65-72). Seus caminhos são perfeitos; Ele não comete erros nas
coisas que permite (Sl 18:30; Rm 8:28). Mas em condições normais, Ele preserva
misericordiosamente todos os homens e “especialmente
os que creem” (TB).
Em
1 Timóteo 2:15, Paulo indica que, se os Cristãos continuarem no caminho da fé
em “amor e santidade”, eles podem
ter uma confiança adicional ao saber que o cuidado preservador de Deus será
experimentado na vida deles. Paulo menciona isso em conexão com “Salvar-se-á, porém, dando à luz
filhos”, mas o cuidado providencial de Deus será experimentado por Seu povo
em muitos diferentes caminhos e não apenas no momento de dar à luz filhos, se
eles continuarem fielmente no caminho.
Mateus
24:13 indica que, na grande tribulação, o fiel remanescente judeu sofrerá
dificuldades e tentações terríveis. O Senhor disse que “aquele que perseverar até ao fim será salvo”. Isso
refere-se à vida deles sendo poupada do martírio, e assim eles serão
preservados vivos nesses tempos difíceis “até
ao fim” desse período. Todos esses celebrarão sua “salvação” em louvor ao Cordeiro no reino milenar (Ap
7:9-12). Alguns do remanescente crente serão martirizados e, portanto, não serão salvos nesse sentido. A alma
deles irá para o céu (Ap 6:9-11, 15:2-4) para esperar a ressurreição de seu
corpo mais tarde (Ap 14:13, 20:4).
d) Salvo pela sã
doutrina (1 Tm 4:16; Tg 1:21)
O
apóstolo Paulo anunciou a Timóteo que havia uma grande apostasia iminente que
aconteceria na profissão Cristã “nos
últimos tempos” (1 Tm 4:1). Como resultado, muitas doutrinas errôneas iriam
permear a profissão Cristã e afastariam as massas para longe da verdade.
Enquanto um verdadeiro crente não pode se apostatar, ele pode ser afetado pela
corrente da apostasia, e assim começar a abandonar certos princípios e práticas
que já sustentou. Paulo disse a Timóteo como ele poderia ser preservado deste
escorregão. Ele disse: “Tem cuidado de
ti mesmo e da doutrina: persevera nestas coisas; porque, fazendo isto, te salvarás,
tanto a ti mesmo como aos que te ouvem” (1 Tm 4:16). Assim, a verdade
doutrinal nos preservará de cair em erro, se ela for mantida em comunhão com
Deus (Sl 40:11).
e) Salvo vestindo o capacete da
salvação (Ef 6:17; 1 Ts 5:8)
Isso
tem a ver com a proteção de nossos pensamentos (v. 17a). Satanás está
constantemente tentando afastar os Cristãos de seguirem o Senhor. Uma de suas
maneiras mais eficaz é colocar sementes do mal em nossa mente. Ele não conhece
nossos pensamentos (ele não é onisciente), mas ele pode trazer certas coisas
diante de nós que são calculadas para produzir uma resposta em nosso coração
que por fim afastará nossos pensamentos de Cristo. Quando outras coisas, além
de Cristo, ocupam nossa mente e quando não estamos desfrutando da nossa porção
em Cristo, estaremos num estado onde poderemos facilmente nos afastar do
caminho da fé. No entanto, quando mantemos nossos pensamentos fixados em Cristo
e em Seus interesses, estamos nesse sentido vestindo “o capacete da salvação”, e isso funcionará como uma
libertação prática dessa linha de ataque. Mas note que temos que colocar o
capacete; Deus não o coloca em nós. Isso mostra que Deus quer que sejamos
exercitados de forma responsável sobre essa salvação prática. H. E. Hayhoe
costumava dizer: “Cuidado com o que você pensa e que isso possa ser Cristo” (Sl
94:19; Is 26:3; Lc 12:29; Fp 4:7; Cl 3:1).
f) Salvo pelo exercício do
julgamento próprio (1 Pe 4:17-18)
O
apóstolo Pedro falou dos julgamentos governamentais de Deus em relação aos que
estão em Sua casa. Isso inclui crentes verdadeiros e os que simplesmente
professam ser crentes. Ele menciona que há muitas dificuldades no caminho das
quais um crente precisa ser “salvo”.
Isso se refere aos julgamentos governamentais de Deus com o Seu povo caso não
sejam cuidadosos em sua caminhada (1 Pe 1:17, 3:12). Tendo em vista o caráter
judaico da epístola em sua aplicação, a nota de rodapé “f” de 1 Pe 1:18 da
Tradução de J. N. Darby afirma: “Salvo aqui na Terra pelas provas e julgamentos
que especialmente afligem o Cristão judeu”.
O
apóstolo Paulo menciona essa mesma necessidade de julgamento próprio em 1
Coríntios 11:28-32. Ele afirma que “se
nós nos julgássemos a nós mesmos, não seríamos julgados” por Deus dessa
maneira. Ele também menciona que alguns dos coríntios, evidentemente, não
estavam praticando o julgamento próprio e estavam sendo “repreendidos [disciplinados
– ARA] pelo Senhor” como
consequência – ao ponto que alguns deles estavam “doentes” e muitos já “dormiam”
na morte (1 Jo 5:16).
Tiago
menciona essa mesma ação governamental de Deus (Tg 5:19-20). Ele afirma que, se
um crente não for cuidadoso em sua caminhada e se afastar dela de alguma
maneira, e persistir nesse curso, Deus poderá tratar com ele de maneira
governamental podendo até levá-lo à morte. Isso não significa que perderia sua
salvação eterna, mas que ele perderia o privilégio de viver neste mundo como
testemunho para Cristo. Como isso não é o que Deus deseja, Tiago nos diz que os
irmãos daquele que está andando errado devem buscá-lo para sua restauração
antes que as coisas alcancem esse ponto (Gl 6:1). Se um irmão ou uma irmã puder
alcançar a pessoa rebelde e ela for restaurada, Tiago diz que aquele que faz
esse bom trabalho pode “salvar
uma alma da morte (prematura)” (Ec 7:17).
Isso
também se aplica a uma assembleia local em um sentido coletivo (2 Co 7:10). Se
uma assembleia negligencia julgar o mal no meio dela, incorrerá no julgamento
governamental de Deus (1 Co 11:30). Paulo diz que “a tristeza segundo Deus opera arrependimento para a salvação”.
Assim, a assembleia se salva do julgamento governamental de Deus ao lidar com o
mal em seu meio e colocando fora de comunhão os envolvidos no mal.
g) A assembleia é salva
mantendo sua unidade prática (Fp 2:12)
O
inimigo de nossa alma deseja destruir a paz na assembleia local, semeando a
discórdia no seu meio. Ele provoca “contenda”,
fazendo com que certos indivíduos busquem “vanglória”
(Fp 2:3). Muitas assembleias foram despedaçadas como resultado.
Paulo
ensinou em Filipenses 2 que, se a unidade feliz for mantida na assembleia, o
inimigo será frustrado. Ele explica que isso é feito por cada um tendo “humildade” e considerando “os outros superiores a si mesmo” (vs.
2-4). Paulo também ensinou que, para produzir essa humildade, é necessário ter
nossa mente fixa em Cristo, que é o modelo da humildade (vs. 5-11). Se cada um
adotasse a mente humilde de Cristo e imitasse Sua humildade, a assembleia seria
salva dos desígnios de Satanás para destruir a unidade. Assim, eles deveriam
coletivamente operar a sua própria “salvação”,
cada um tomando o lugar mais baixo (vs. 12-14). Paulo disse que quando a
unidade é mantida em uma assembleia, resulta em um testemunho brilhante na
comunidade (vs. 15-16, Jo 13:35). Assim, Paulo estava falando de uma salvação
prática e diária em conexão com conflitos internos dentro da assembleia. Sua
menção de salvação aqui não tem nada a ver com a salvação eterna da alma.
As
notas de uma reunião de leitura sobre Filipenses 2:12 em um periódico mensal
nos dizem: “Esse versículo foi muitas vezes mal interpretado como se dissesse,
trabalhe para a salvação, enquanto o
que ele diz é ‘opere’. Penso que o versículo se refere às dificuldades que
estavam presentes na assembleia em Filipos e não algo individual. Foi chamada a
atenção que o verbo está no plural, e quando ele diz ‘vossa’, Paulo
aparentemente tem em mente as dificuldades na assembleia local... A salvação
referida nessa passagem não é a
salvação da alma, que é obtida por fé em nosso Senhor Jesus Cristo, mas é a
salvação diária em relação às muitas
dificuldades que nos assolam em nosso caminho. Isso se torna mais óbvio, à
medida que avançamos nessa epístola, que a desunião os marcava, e era disso que
precisavam ser salvos. Parece sugerir que o caminho da salvação das
dificuldades era o partido que contendia se rebaixar em relação ao seu ego” (Precious Things, vol. 5, págs. 263-264).
A.
M. S. Gooding disse: “‘operai a vossa
salvação com temor e tremor’. Salvação do quê? Salvação das contendas” (The 13 Judges, pág. 95).
S.
Maxwell disse: “Na verdade o apóstolo está dizendo aqui: estou ciente de seus
problemas internos e eu lhes dei um exemplo a seguir (2:5-7), agora opere vossa
própria salvação como uma assembleia. A palavra claramente indica que eles
precisavam ser salvos daquilo que, no final, seria destrutivo para o
testemunho, se eles não agissem para acabar com suas contendas” (Philippians,
pág. 210).
W.
Potter disse: “‘Operai a vossa
salvação’... [isto é] em conexão com
as dificuldades da assembleia... esse é o claro significado de ‘operai a vossa salvação com temor e
tremor’”.
h) Israel será salvo
temporalmente recebendo Cristo como seu Messias (Hb
2:3-5)
A “grande salvação” a que o escritor de Hebreus se refere nesta
passagem não é a salvação eterna da alma, como normalmente se pensa, mas a
libertação temporal do jugo romano
que estava sobre a nação. Naquela época os judeus estavam cativos aos romanos
que governavam sobre eles em sua própria terra, e eles precisavam muito desta
salvação. O Senhor Jesus foi enviado por Deus para efetuar essa libertação como
a “salvação poderosa” de Deus
para a nação (Lc 1:68-71). Assim, veio anunciando esse aspecto da salvação,
pregando “libertação aos cativos”
(Lc 4:18-19). À Sua entrada em Jerusalém, o povo clamou “Hosana” (Mt 21:15), que significa: “Salve agora”! Mas os líderes levaram o povo a rejeitá-Lo, e a
promessa dessa grande salvação foi, portanto, adiada. Se os judeus tivessem
recebido Cristo, Ele os salvaria de seus inimigos e os libertaria da
escravidão, e a nação teria evitado sua destruição no ano 70 d.C.
O
escritor diz que essa grande salvação foi primeiro “anunciada pelo Senhor”. Ele foi por toda a terra de Israel
pregando “o evangelho do reino” que
anunciava essa libertação exterior para a nação (Mt 4:23; Mc 4:14). O escritor
também diz que a promessa dessa salvação temporal foi “confirmada” ao povo pelos apóstolos (Hb 2:3; At 3:19-21) e também
pelo “testemunho” de Deus mesmo nos
milagres que acompanharam a pregação desse evangelho (Hb 2:4; At 3:6-10 etc.).
Assim, a nação provou “a boa Palavra de
Deus e as obras de poder da era vindoura” (Hb 6:5 – JND) e teria tido as
bênçãos do reino como prometidas pelos seus profetas, se tivessem recebido a
Cristo.
“A grande
salvação”
em Hebreus 2:3 não poderia estar se referindo à salvação da alma anunciada no “evangelho da graça de Deus” (At 20:24;
1 Pe 1:9), porque diz que esta salvação foi anunciada pela primeira vez pelo
Senhor quando Ele estava aqui na Terra. Mas Ele não pregou esse evangelho. Isso
não aconteceu até que Israel rejeitou formalmente a Cristo, enviando um homem
(Estevão) a Deus com a mensagem: “Não
queremos que Este reine sobre nós” (Lc 19:14; At 7:54-60), só então o
evangelho da graça de Deus foi estendido ao mundo (At 13:46-48, 15:14, 20:24,
28:28). Como mencionado, o evangelho que o Senhor pregou foi o do reino (Mt
4:23; Mc 4:14). Essa mensagem apresentou-O como o Rei e o Messias de Israel que
viria à nação no seu tempo de necessidade para salvá-los dos seus inimigos, e
então Ele estabeleceria o reino no poder e glória como prometido nos escritos
dos profetas do Velho Testamento (Sl 95-96). (Veja: O Evangelho)
H.
Smith disse: “Na sua interpretação estrita (Hebreus 2:3), a salvação da qual o
escritor fala não é o evangelho da
graça de Deus, como apresentado hoje, nem contempla a indiferença de um pecador
quanto ao evangelho. No entanto, uma aplicação nesse sentido certamente pode
ser feita, pois é verdade que não pode haver escapatória no final para quem
negligencia o evangelho. Aqui está a salvação que foi pregada pelo Senhor aos
judeus, pela qual um caminho de escape foi aberto ao remanescente crente,
julgamento esse que estava a ponto de cair sobre a nação. Essa salvação foi
depois pregada por Pedro e os outros apóstolos nos primeiros capítulos dos
Atos, quando eles disseram: ‘Salvai-vos
desta geração perversa’. Esse testemunho foi confirmado por Deus ‘por sinais, e milagres, e várias
maravilhas’. Esse evangelho do reino será novamente pregado após a Igreja
ter sido completada” (The Epistle to the
Hebrews, págs. 12-13).
Em
relação a Hebreus 2:3, J. N. Darby disse: “É a pregação de uma grande salvação,
feita pelo próprio Senhor quando estava na Terra; não o evangelho pregado e a
Igreja reunida após a morte de Cristo. Esse testemunho, consequentemente,
continua no Milênio sem falar da Igreja, fato a ser notado não apenas nesses
versículos, mas em toda a epístola” (Collected
Writings, vol. 28, pág. 4).
3) Salvação final (Rm 5:9, 13:11; Fp 3:20-21; Hb 9:28; 1 Pe 1:5)
Esse
aspecto da salvação tem a ver com o nosso corpo sendo feito perfeito pelo poder
de Deus em glorificação. Isso ocorrerá quando o Senhor vier por nós no Arrebatamento.
Os santos falecidos serão ressuscitados em “incorruptibilidade”
e os santos vivos terão seu corpo transformado em um estado de “imortalidade” (Rm 8:11; 1 Co
15:53-55).
Esse
aspecto final da salvação também inclui ser salvo da “ira vindoura”, por ser tirado deste mundo no Arrebatamento, para
que não passemos pela grande tribulação (Rm 5:9; 1 Ts 1:10; Ap 3:10). F. B.
Hole disse: “O dia da ira está chegando. Duas vezes antes, na epístola (aos Romanos),
isso foi notificado (Rm 1:18, 2:5). Seremos salvos daquele dia por Cristo. Por
outras Escrituras, sabemos que Ele nos salvará, tirando-nos da cena de ira
antes que ela seja derramada” (Paul’s
Epistles, vol. 1, pág. 15).
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