quarta-feira, 10 de maio de 2017

ARRAIAL, O


ARRAIAL, O – Refere-se ao sistema religioso do judaísmo que o Senhor ordenou para Israel (Êx 25-31; Hb 13:13). É predominantemente uma maneira exterior de se aproximar de Deus em adoração por meio de formas e rituais cerimoniais. Foi uma ordem terrena de prática religiosa que foi dada a um grupo terreno de pessoas no tempo do Velho Testamento, que tinha esperanças terrenas e um destino terreno na terra de Canaã. “O arraial”, portanto, refere-se ao judaísmo e todos os seus princípios e práticas relacionados. Ele está em forte contraste com o “novo e vivo caminho” de adoração no Cristianismo (Hb 10:19-22), que é a maneira celestial de aproximação a Deus “em espírito e em verdade” (Jo 4:23-24) ordenado para um grupo celestial de crentes, que têm esperanças celestiais e um destino celestial.
No presente tempo Cristão, o Senhor está fora “do arraial” (Hb 13:13). Os líderes responsáveis do sistema judaico O expulsaram e O mataram! (Mt 21:37-39; Jo 1:11; At 3:13-15; Hb 13:12). Após a ressurreição, o Senhor permaneceu fora desse sistema e continuará assim “até que a plenitude dos gentios haja entrado” (Rm 11:25). No presente, Ele está reunindo crentes em torno de Si mesmo para adoração, ministério e comunhão Cristã no lugar de Sua escolha, fora do arraial (Hb 13:13-16; Mt 18:20). O escritor de Hebreus nos diz que isto acontecerá durante todo o período do novo e vivo caminho no Cristianismo. O ponto em Hebreus 13:9-16 é que Deus não quer que os dois sistemas de adoração (judaísmo e Cristianismo) sejam misturados (Hb 13:10). A passagem nos diz que o judaísmo é algo do qual os Cristãos devem se separar, porque o Senhor não está Se identificando com aquela ordem de coisas hoje. Eles são instruídos a sair “a Ele fora do arraial” e oferecer “sempre por Ele a Deus sacrifício de louvor” lá onde o Senhor está – sem o uso de qualquer dos meios externos de adoração usados no judaísmo (Hb 13:15).
O problema é que as denominações na Cristandade não entenderam o ensino em Hebreus 13:9-16, nem foi dada a devida consideração à instrução de Hebreus 9:8-9, 23-24, que diz que o sistema do tabernáculo do Velho Testamento (“o arraial”) é uma figura do verdadeiro santuário no qual os Cristãos podem agora adorar pelo Espírito. Em vez de vê-lo como uma figura, os Cristãos têm usado o sistema do tabernáculo como um padrão para suas igrejas, e têm tomado muitas coisas daquela ordem judaica em um sentido literal para seus lugares de culto e seus serviços religiosos.
O que se segue é uma pequena lista de algumas das coisas que foram tomadas do judaísmo e introduzidas nos grupos da igreja atual:
  • O uso de templos ornamentados e catedrais para locais de culto.
  • Uma casta especial de homens ordenados que desempenham funções em nome da congregação.
  • O uso de instrumentos musicais para ajudar na adoração.
  • O uso de um coral.
  • O uso do incenso para criar uma atmosfera religiosa.
  • O uso de vestes pelos “ministros” e membros do coral.
  • O uso efetivo de um altar (não sacrificial).
  • A prática do dízimo.
  • A observância de dias santos e festas religiosas.
  • Um registro de nomes das pessoas da congregação. 

A adoração judaica recorre aos sentidos naturais, sendo uma religião terrena e relativa aos sentidos. Na verdade, uma pessoa não precisa nem mesmo nascer de novo para apreciá-la e desfrutá-la; assim ela é estimulada pelos sentidos de:
  • Visão – A grandeza do templo (1 Rs 10:4-5; Mc 13:1; Lc 21:5).
  • Olfato – A queima do incenso que criava uma atmosfera envolvente (Êx 30:34-38).
  • Paladar – Ao se comer os sacrifícios (Dt 14:26).
  • Audição – A bela música produzida pela orquestra e acompanhamento do coral (1 Cr 25:1, 3, 6-7).
  • Tato – Ao participar das ofertas de maneira física, dançando e levantando mãos etc. (2 Sm 6:13-14; 1 Rs 8:22). 
É verdade que muitas dessas práticas judaicas foram um pouco alteradas pelas igrejas da Cristandade para se encaixar no contexto Cristão, mas esses lugares ainda têm os aparatos do judaísmo. Na verdade, essa ordem judaica permeou a Igreja e muito dessas coisas permaneceram no Cristianismo durante tanto tempo que acabaram se tornando aceitas pelas massas como o ideal de Deus. A maioria das pessoas hoje pensa que é bom e certo ter essa mistura judaico-Cristã. Infelizmente, a mistura dessas duas ordens de aproximação a Deus destruiu a distinção de cada uma, e o que resultou dessa mistura é algo que não é nem o verdadeiro judaísmo nem o verdadeiro Cristianismo. Ambos foram estragados (Lc 5:36-39).
No Cristianismo, oferecemos “sacrifícios espirituais” dirigidos pelo Espírito Santo (1 Pe 2:5; Fp 3:3) em contraste com as “ordenanças carnais” na ordem judaica (Hb 9:10 – TB). Os sacrifícios Cristãos de louvor são produzidos na presença imediata de Deus dentro do véu (Hb 10:19-20, 13:15). Esse é um privilégio que Israel não teve. É significativo que não encontramos em nenhum lugar no livro dos Atos, nem nas Epístolas, que os Cristãos adoravam o Senhor em suas reuniões usando rituais e meios mecânicos exteriores, como instrumentos musicais. Na Escritura, os dois únicos meios que os Cristãos usam na adoração são seu “coração” (Cl 3:16 e Ef 5:19) e seus “lábios” (Hb 13:15). Uma vez que a adoração Cristã é “em espírito e em verdade” (Jo 4:24), podemos discretamente nos assentar e produzir em nossa alma e espírito o verdadeiro louvor a Deus pelo Espírito Santo. Essa é a verdadeira adoração (Cristã) celestial, pois no céu não haverá necessidade de instrumentos musicais e rituais na adoração a Deus, como no judaísmo. Assim, o lugar de adoração Cristã é:
  • Dentro do véu em espírito (Hb 10:19-20).
  • Fora do acampamento quanto à posição eclesiástica (Hb 13:13). 

Não é que a ordem judaica de adoração seja má; ela não é, pois foi criada e ordenada por Deus para Israel. O que a Escritura ensina é que não é para a Igreja. Quando Israel for restaurado e abençoado em sua terra num dia vindouro (o Milênio), eles apropriadamente adorarão a Deus segundo essa ordem judaica (Ez 43-46).

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