quinta-feira, 27 de julho de 2017

JULGAMENTO



JULGAMENTO – A Escritura fala de pelo menos doze julgamentos diferentes:

1) Julgamento do pecado e dos pecados

Esse é o maior de todos os julgamentos na Escritura. Tem a ver com o que Deus realizou para Sua própria glória e para a bênção do homem, por meio do sacrifício de Cristo na cruz. Como o Emissário do pecado, Ele levou o juízo de todo o contágio do pecado na criação (Hb 2:9, 9:26; Rm 8:3). Isso não significa que todos os homens são libertados do julgamento de seus pecados e são salvos, mas que, pela obra de Cristo na cruz, a salvação dos homens é agora possível, porque a “propiciação” foi feita “pelos (pecados) de todo o mundo” (1 Jo 2:2).

2) Julgamento próprio

Isso tem a ver com o crente não se poupando, mas julgando todo mau pensamento, palavras vãs e más ações em sua vida, de modo a manter uma boa consciência e assim poder desfrutar a comunhão ininterrupta com Deus (1 Co 11:31a). A circuncisão de Israel em Gilgal é uma figura disso – representando o corte (julgamento) da atividade da carne em nossa vida (Js 5). Quando eles vieram daquele lugar, foram vitoriosos sobre seus inimigos (Js 10:7, 43 etc.), mas quando eles negligenciaram ir a Gilgal antes de encontrar seus inimigos, foram derrotados (Js 7:1-5).

3) Julgamento governamental

Esse tipo de julgamento tem a ver com a maneira atual de Deus tratar o Seu povo que deliberadamente se desvia d’Ele (1 Co 11:32; 1 Pe 1:17, 3:12b, 4:17). A extensão dessa ação governamental ocorre apenas durante o tempo em que o povo está na Terra; não tem nada a ver com seu destino eterno. Não envolve apenas os crentes, mas diz respeito a todos os que estão na casa de Deus – incluindo os crentes meramente professos e aqueles que estão fora da casa. Em relação aos crentes, poderia ser chamado de “o governo do Pai” (1 Pe 1:17), e, em conexão com os incrédulos, poderia ser chamado de “o governo de Deus” (2 Pe 3).
O julgamento governamental pode ser sentido na vida de uma pessoa, por Deus providencialmente permitir que certas coisas negativas aconteçam a ela para que colha o que semeou (Gl 6:7-8). Como o Senhor tem “todo poder” no céu e na Terra (Mt 28:18), Ele pode tocar em nossa vida de várias maneiras, se assim Ele o quiser. Para o crente, esse tipo de julgamento tem como objetivo chamar sua atenção e levá-lo a julgar o que quer que seja que o Senhor trate em sua vida que esteja inconsistente com a Sua santidade. Mesmo depois de termos tratado coisas que não estão corretas em nossa vida, o Senhor pode ainda nos deixar continuar sob os efeitos de Seu julgamento governamental para nos manter humildes e dependentes (2 Sm 12:10).

4) Julgamento administrativo na assembleia

Uma assembleia, que seja conforme a Escritura, exercerá disciplina quando necessário. A assembleia é responsável por manter a santidade e ordem na casa de Deus e deve lidar com os problemas antes que saiam de seu controle. Se a assembleia puder corrigir o curso que uma pessoa está seguindo antes de chegar ao ponto em que deva afastá-la da sua comunhão, terá feito um bom trabalho e libertado tal pessoa de muitos problemas e tristezas em sua vida (Tg 5:19-20). Isso mostra que a maior parte de toda a disciplina da Igreja deve ser exercida em relação a uma pessoa quando ela ainda está em comunhão.
Existem três áreas principais de preocupação em que uma pessoa pode falhar e um julgamento administrativo de excomunhão pode ser necessário. Os seguintes cenários dão o procedimento geral. Isso não pode ser considerado regra e tratado como se estivéssemos consultando um manual. Cada caso deve ser tratado na sua própria importância e com discernimento espiritual (Gl 6:1)

a) Uma pessoa mundana – (falha em seu andar)

Isso se aplicaria a uma grande variedade de desordens morais (1 Co 5:11 etc.). Aqueles que têm o cuidado do rebanho em seu coração devem tentar “restaurar” uma pessoa surpreendida em uma falha (Gl 6:1; Jo 13:14). Eles procurarão alcançar a consciência da pessoa de forma gentil e atenciosa num esforço de afastá-la do curso em que possa estar. Se isso não a alcançar, o próximo passo será “avisá-la” com uma repreensão privada (1 Ts 5:14). Se a pessoa persiste em seu curso, mas não está em algum pecado em particular que exija ser tirada de comunhão, aqueles que têm o cuidado podem encorajar os santos a se “apartar” da pessoa num esforço para alcançá-la (2 Ts 3:6-15). Se um determinado pecado que requer excomunhão se tornar manifesto, a assembleia deve então agir executando uma decisão de “ligar” para “tirar” essa pessoa (Mt 18:18-20; 1 Co 5:4, 11-13).

b) Uma pessoa heterodoxa[1] (falha em sua doutrina)

Se alguém adota uma doutrina errônea, aqueles que têm o cuidado devem “adverti-lo” a não ensinar nenhuma outra doutrina além do que é ortodoxo[2] (1 Tm 1:3). Se ele insiste em propor suas ideias errôneas, a assembleia é responsável por “julgar” seus ensinamentos, pedindo que ele cesse e desista de ministrar nas reuniões (1 Co 14:29). Se as doutrinas da pessoa são de natureza blasfema, tocando a Pessoa e a obra de Cristo, a assembleia deve colocá-la fora de comunhão, porque seus ensinamentos contaminarão os outros (Gl 5:9). O apóstolo Paulo fez isso com Himeneu e Alexandre, entregando-os a Satanás para que fossem “ensinados por disciplina a não blasfemar” (1 Tm 1:20 – JND). A assembleia não pode entregar alguém diretamente a Satanás como um apóstolo poderia fazer, mas pode colocá-lo fora de sua comunhão, onde Deus julga.

c) Uma pessoa divisiva – (herética em seu espírito)

Isto tem a ver com uma pessoa que cria uma separação na assembleia, tendo um espírito de partidarismo em alguma questão. É um mal eclesiástico e o mais difícil de todos os males de se detectar e de se lidar. Uma vez que isso prejudica a unidade da assembleia, ele precisa ser detido. Em primeiro lugar, os irmãos devem se “desviar” daqueles que causam tais divisões (Rm 16:17-18). Isso não está falando daqueles que seguem em divisões, mas daqueles que as “causam” – os instigadores da divisão. Uma repreensão pública é apropriada quando alguém divide os santos de alguma forma (Gl 2:12-14; 1 Tm 5:19-20). Se a pessoa continua a forçar suas questões e dividir o rebanho, a assembleia tem motivos para colocá-la fora de comunhão. Semear discórdia entre os irmãos é uma “abominação” (Pv 6:16-19), uma obra da carne (Gl 5:20), e pessoas que assim dividem os santos devem ser colocadas fora de comunhão. (Veja: Heresia)
Existem três razões principais porque a assembleia deve executar julgamentos administrativos.
Em primeiro lugar, a assembleia é responsável por não permitir que o nome do Senhor seja associado ao mal diante do mundo (2 Co 7:11).
Em segundo lugar, a santidade na assembleia deve ser mantida para que seja conservada como um lugar adequado para a presença santa de Deus (Ef 2:22; Sl 93:5) e impedir que o caráter de fermento do pecado afete a outros (1 Co 5:6-8; Gl 5:9-12).
Em terceiro lugar, é praticada com o objetivo de corrigir e restaurar o ofensor. Ele é colocado fora e não devemos nos socializar com ele (1 Co 5:11), para que ele possa ser levado ao arrependimento e ser restaurado ao Senhor. Quando a pessoa está arrependida, a assembleia deve recebê-la de volta à comunhão (2 Co 2:6-8). Esse desligamento de uma decisão de “ligar” é também uma ação administrativa da assembleia (Mt 18:18).

5) Julgamento das obras do crente

Esse julgamento está relacionado aos crentes e ocorrerá no céu após o Arrebatamento, no “Tribunal de Cristo” (Rm 14:10-11; 2 Co 5:10). O propósito disso não é determinar se a pessoa que está sendo examinada é apta para o céu – o que foi estabelecido pela sua fé no que Cristo realizou na cruz (Jo 5:24; Rm 8:1) – mas para encontrar coisas em sua vida que foram feitas para o Senhor e para recompensá-la devidamente. Alguns Cristãos veem o tribunal de Cristo com tremor, mas não temos nada a temer porque não será um julgamento de nossos pecados no sentido penal.
Não é a pessoa que está sendo julgada no tribunal de Cristo, mas suas obras. O aspecto do julgamento de Cristo com os crentes é como o de um juiz em uma exposição de arte, não como juiz em um tribunal. Sabemos disso “para que no dia do juízo tenhamos confiança” (1 Jo 4:17).
Alguns têm pensado que essa revisão diz respeito apenas aos nossos pecados depois de termos sido salvos. Mas isso não é o que a Escritura ensina. Ela diz: “o que tiver feito por meio do corpo” (2 Co 5:10). Para enfatizar esse ponto, C. H. Brown habilmente perguntou: “Você estava em seu corpo antes de ser salvo? Sim, você estava; então será uma manifestação de toda a sua vida”. E. Dennett disse: “A totalidade de nossa vida, o significado de cada ato, seus motivos assim como seus objetivos, serão tornados claros para nós – claros quanto à fonte de todos eles, se nossas atividades surgiram da energia da carne ou se foram produzidas pelo Espírito de Deus” (Christ the Morning Star, pág. 37).
Cada vez que o tribunal de Cristo é mencionado no Novo Testamento, ele é visto de uma perspectiva diferente. Ao juntar essas referências, aprendemos que o Senhor examinará todos os aspectos da nossa vida. As áreas de revisão são:
  • Nossos caminhos (2 Co 5:9-10).
  • Nossas palavras (Mt 12:36).
  • Nossas maneiras de servir (1 Co 3:12-15).
  • Nossos pensamentos e motivos (1 Co 4:3-5).
  • Nossos exercícios pessoais em relação a questões de consciência (Rm 14:10-12). 
Há dois motivos principais para o tribunal de Cristo: um tem a ver com efeitos futuros e o outro com efeitos presentes.
Quanto aos efeitos futuros do tribunal, o grande resultado da revisão será o aumento do louvor eterno de Deus e Seu Filho! Isso será realizado de três maneiras:
a) O Senhor magnificará a graça de Deus diante de nossos olhos, de forma que nossa apreciação, por aquilo que Ele fez para nos salvar será aprofundada significativamente em nossa alma. Isso exigirá a revisão de nossa vida inteira, onde veremos nossos pecados à luz de um Deus infinitamente Santo. J. N. Darby disse: “Naquele dia, aprenderemos a verdadeira maldade de nossa carne”. Perceberemos que nossa dívida era muito maior do que pensávamos. Então, o Senhor nos mostrará a grandeza de Sua graça que suplantou a tudo e tirou nossos pecados sobre um justo fundamento que custou a Cristo as agonias da cruz. Veremos com maior profundidade do que nunca, que “onde o pecado abundou, superabundou a graça” (Rm 5:20). Como resultado, uma clamorosa erupção de louvores ecoará dos redimidos.
b) Ao rever nossa vida, o Senhor revelará a sabedoria de Seus caminhos para conosco na Terra. Ele nos levará através dos “porquês” e os “para quê” em nossa vida, passo a passo, e nos mostrará que Ele não cometeu nenhum erro no que permitiu que acontecesse. Naquele dia, Ele irá responder a todas as nossas perguntas difíceis sobre essas coisas. Quando olhamos nossa vida agora, pode parecer uma confusão emaranhada, mas naquele dia conheceremos o significado e a razão de tudo – tudo terá o perfeito sentido (Rm 8:28). Ele vai nos mostrar que havia “necessidade de ser” para tudo (1 Pe 1:6). Conheceremos de maneira mais profunda a verdade do Salmo 18:30: “O caminho de Deus é perfeito”. E nós O louvaremos por isso.
c) O Senhor usará a ocasião para determinar nossas recompensas no reino. Naquele dia, Ele encontrará algo para recompensar na vida de cada Cristão (1 Co 4:5; Mt 25:21). Ele não perderá nem a menor coisa que tenha sido feita pelo Seu nome, e nos recompensará por isso (Mt 10:42). Quando virmos as recompensas que Ele nos dará – muitas das quais serão para coisas que teremos esquecido – haverá um fluxo ainda maior de louvores que se derramarão de nosso coração para Ele.

Quanto ao efeito presente do tribunal, uma percepção consciente do que isto envolve, motiva o Cristão a servir o Senhor agora, enquanto há oportunidade. Sabendo que tudo o que fazemos por Ele agora será recompensado e que há pessoas que estarão diante do tribunal de Cristo em seus pecados para serem sentenciados a uma eternidade perdida no inferno (se eles não se salvarem), deveria nos motivar a ocupar-nos no Seu serviço e “persuadir os homens” a se “reconciliar a Deus” (2 Co 5:11, 20 – JND).

~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~

Alguns então em dúvida se a revisão ante o tribunal será uma manifestação pública de nossa vida diante de todos os santos no céu, ou um assunto privado. J. N. Darby foi convidado a responder a esta pergunta no Bible Treasury (W. Kelly - editor). Pergunta: “Em 2 Coríntios 5:10, a manifestação será diante dos irmãos ou diante do Senhor somente?” Resposta: “Não encontro nada na Escritura que fale de manifestação diante de irmãos...” (Bible Treasury, vol. 1, pág. 243; Collected Writings, vol. 13, pág. 359).
W. Scott disse: “Todos sairão do tribunal como um assunto entre cada um e Deus. Não será uma exposição pública diante dos outros” (Exposition of the Revelation, pág. 399).
E. Dennett disse: “O tribunal de Cristo... Tudo isso nos será manifestado naquela oportunidade na paciente graça de nosso bendito Senhor, para nós individualmente, não necessariamente para os outros em público” (Christ the Morning Star, págs. 36-37).
H. D. R. Jameson disse: “‘Devemos todos comparecer (ou, como deveria ser lido, ser manifestados) diante do tribunal de Cristo’. Note-se, no entanto, que a palavra é ‘manifestados’, não ‘julgados’, pois nenhum santo jamais entrará em julgamento (Veja Jo 5:24)... embora nossa manifestação leve tudo à vista (não publicamente, eu julgo, mas como entre o indivíduo e o Senhor)” (Scripture Truth, vol. 1, págs. 317-318).
H. D’A. Champney disse: “Embora seja o tribunal de Cristo, Ele não nos julgará como se fossemos criminosos, mas sim manifestará todos os nossos atos e caminhos... Não creio que Ele nos exporá diante de outros, porém para nós mesmos, e isso também para magnificar Sua graça e amor que nunca nos desamparou” (Wonderful PrivilegesThe Bride of Christ, pág. 10).
F. B. Hole disse: “Ele os conduziu à parte privadamente. Assim será com todos nós quando nos achegarmos a Ele em Sua vinda. Isso significará ser manifestado diante de Seu tribunal, e será na privacidade e no descanso de Sua presença” (The Gospels and Acts, pág. 162).

~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~

Os “todos”, em 2 Coríntios 5:10, inclui todos os homens. Isso significa que o tribunal de Cristo realmente se estende até ao julgamento dos incrédulos no grande trono branco. Embora o caráter do julgamento seja completamente diferente. H. D. R. Jameson disse: “Quanto às palavras ‘todos’, é evidente a partir do contexto que o pensamento do apóstolo inclui a apresentação de todos os homens diante do tribunal (o ‘todos’ no versículo 10 alcança seu escopo no pleno significado do ‘todos’ do versículo 14), e como foi indicado pelo falecido Sr. Kelly, a construção grega é, portanto, diferente daquela encontrada em tal Escritura como 2 Coríntios 3:18, onde apenas os crentes são incluídos” (Scripture Truth, vol. 1, pág. 318).

6) Juízo da consumação

Esse é um julgamento que o Senhor executará sobre os judeus apóstatas no final da grande tribulação, pouco antes d’Ele aparecer vindo do céu (Is 10:22-23, 28:22; Dn. 9:27b). Uma vez que ocorrerá antes de Sua Aparição, será executado indiretamente por meio de um instrumento levantado por Deus – o rei do Norte e sua confederação árabe (Sl 83:1-8; Dn 11:40-42; Jl 2:1-11 etc.). Esses exércitos devastarão a terra de Israel do Norte até ao Sul, matando cerca de dez milhões dos quinze milhões de judeus que terão voltado à sua pátria naqueles dias (Zc 13:8).

7) Juízo da ceifa

Isso tem a ver com o julgamento do Senhor sobre as nações Cristianizadas no Ocidente (Mt 13:38-42; Ap 14:14-16). Ele será executado quando o Senhor aparecer (Mt 24:27, 30; 2 Ts 1:7-9; Jd 14-15; Ap 1:7, 3:3, 11:15 etc.). Quando o Senhor vier do céu como um Rei Guerreiro, destruirá os exércitos da besta e lançará o seu líder (com o anticristo) no lago de fogo (Ap 16:13-15, 19:11-21). Naquele tempo, o Senhor “enviará Seus anjos” para expurgar “o reino dos céus” (isto é, a Cristandade) dos incrédulos. Esses serão crentes meramente professos e que abandonaram a fé em Deus – apóstatas, ateus etc. Todos esses serão lançados diretamente no lago de fogo, sem ver a morte (Mt 13:40-42, 49, 24:39-42). É chamado o julgamento da “ceifa” porque é um trabalho discriminatório de separar o “joio” (o ímpio) de entre o “trigo” (o justo). Os ímpios serão retirados em juízo e os justos viverão no reino milenar de Cristo. Isso é o contrário do que acontecerá no Arrebatamento. No Arrebatamento, o Senhor tira os crentes da Terra (1 Ts 1:10, 4:15-18) e deixa os incrédulos para entrarem no período da tribulação (Mt 25:10-12).

8) Julgamento do lagar (Vindima)

Depois que o Senhor retorna (Sua Aparição) e destrói os exércitos do Ocidente e os exércitos do rei do Norte, Ele irá restaurar um remanescente de todas as doze tribos de Israel para Si mesmo. Então, enquanto Israel recém-restaurado estiver habitando com segurança em sua terra sob a proteção do Senhor, uma confederação final dos exércitos gentios sob Gogue (Rússia) fará um ataque contra eles (Ez 38-39). O Senhor defenderá Israel desses exércitos rugindo de Sião para destrui-los. Esse é o julgamento do “Lagar” (Vindima) (Ap 14:17-20; Is 63:1-6; Jl 3:12-14). É chamado de “o lagar” porque, como as uvas em um lagar são esmagadas indiscriminadamente, assim será o julgamento dos pecadores nesta enorme confederação. Esse julgamento contrasta com o julgamento da ceifa no qual alguns são selecionados para julgamento e outros não. O Senhor sairá de Jerusalém para a terra de Edom (uma terra transjordaniana a cerca de 320 quilômetros a sudeste de Israel – Ap 14:20) e destruirá o longo comboio de exércitos confederados de Gogue que se reunirão lá (Is 34:1-10, 63:1-6; Hc 3:3-16). Esse julgamento marcará o fim de todas as guerras (Sl 46:9; Zc 9:10).

9) Julgamento em sessão

Após os juízos marciais do Senhor terem terminado (a Ceifa e o Lagar), Ele conduzirá uma sessão de julgamento em conexão com o remanescente das nações gentias que estão situadas fora da terra profética (Mt 25:31-46). Uma vez que todos os poderes hostis terão sido subjugados pelos anteriores juízos marciais do Senhor, esse será um julgamento pacífico diante do “trono da Sua glória”. Esse trono não estará no céu, mas na Terra. Não será o julgamento dos mortos, como o julgamento do “grande trono branco” (Ap 20:11-15), mas sim um julgamento de pessoas vivas entre as nações remotas do mundo. O critério pelo qual as pessoas dessas nações serão julgadas será simplesmente se elas foram ou não hostis aos mensageiros do evangelho do reino (“Meus irmãos”) – não se elas pessoalmente creram na mensagem. Aqueles que foram hostis em relação aos mensageiros do Senhor e rejeitaram sua mensagem serão julgados como uma nação “bode”, e os indivíduos culpados daquela nação serão lançados no lago de fogo pelos anjos que serão os executores deste julgamento (Mt 25:31).

10) Julgamento milenar

Quando Cristo estabelecer Seu reino milenar, Ele “reinará com justiça” (Is 32:1, 61:11). O mundo inteiro será obrigado a viver em justiça no que o Senhor chamou de “a regeneração” (Mt 19:28), e aqueles que optarem por fazer de outra forma serão mortos (providencialmente) por um julgamento do Senhor. Na manhã do dia seguinte, o ofensor cairá morto! (Sl 34:12-16, 101:5-8; Sf 3:5; Zc 5:1-4)

11) Julgamento dos anjos (Maus)

Após o Milênio, no fim do tempo, haverá o julgamento dos anjos maus (1 Co 6:3), e eles serão lançados no lago de fogo com o diabo (Mt 25:41). Os santos glorificados estarão envolvidos na avaliação desse julgamento. O julgamento determinará o grau de punição atribuído a cada anjo caído. Os anjos bons ou “eleitos” (1 Tm 5:21) não fazem parte deste julgamento; eles não precisam ser julgados.

12) Julgamento do grande trono branco

Esse julgamento também ocorrerá no final do Milênio, quando o tempo tiver acabado. Ele trata dos mortos ímpios. Todos os que morreram em seus pecados sem fé, desde o início até o fim do tempo serão julgados pelo Senhor em Seu “grande trono branco” (Is 24:22, Ap 20:11-15). Os mortos ímpios serão ressuscitados naquele momento e serão sentenciados pelos pecados que cometeram (Ap 20:13). Eles serão lançados no lago de fogo (inferno) e punidos lá eternamente (Mt 25:46). O seu julgamento será “segundo as suas obras”. Isto significa que alguns no inferno sofrerão mais, e outros menos, porque todos têm uma quantidade diferente de pecados e um grau diferente de responsabilidade (Lc 12:47-48). Deus não permitirá que ninguém sofra na eternidade por algo que não fez. Não haverá crianças ou pessoas com deficiências mentais punidas nesse julgamento (Mt 18:10); Deus não responsabiliza pessoas por suas ações se não forem mentalmente capazes. Os “grandes e pequenos” que serão julgados naquela época não são crianças e adultos, mas pequenos pecadores e pecadores proeminentes deste mundo que morreram em seus pecados.




  [1] N. do T.: Heterodoxo provém da palavra grega “hetero” que significa “diferente” e “doxa” que significa “fé”. É o que se opõe aos padrões, normas, regras ou à uma doutrina pré-estabelecida. É o que está em desconformidade com a doutrina tida como verdadeira.

  [2] N. do T.: Ortodoxo provém da palavra grega “orthos” que significa “reto” e “doxa” que significa “fé”. É o que está em conformidade com a doutrina tida como verdadeira.




Nenhum comentário:

Postar um comentário