quarta-feira, 22 de novembro de 2017

RECONCILIAÇÃO



RECONCILIAÇÃO – Refere-se à obra de Deus trazendo de volta à unidade, à paz e à comunhão, aquilo que se afastou d’Ele. Envolve tanto pessoas (crentes) como coisas (Cl 1:20-22). O fundamento para a reconciliação descansa no que Cristo realizou na cruz em Sua morte e no derramamento de Seu sangue. Isso é mencionado pelo apóstolo Pedro, que disse: “Cristo padeceu uma vez pelos pecados, o Justo pelos  injustos, para levar-nos a Deus” (1 Pe 3:18). Há três coisas indicadas nesse versículo:
  • “Padeceu uma vez pelos pecados” – Esta é a propiciação.
  • “O Justo pelos injustos” – Esta é a substituição.
  • “Para levar-nos a Deus” – Esta é a reconciliação. 
Note que Pedro coloca a propiciação e a substituição (as duas partes da expiação) antes da reconciliação. Isso nos mostra que as reivindicações da justiça divina em relação ao pecado tinham que ser resolvidas antes que Deus pudesse chegar aos homens com bênção. Isso foi feito na propiciação (Rm 3:25; Hb 2:17; 1 Jo 2:2, 4:10), que é o lado de Deus na obra de Cristo na cruz. Cristo satisfez totalmente a Deus em relação a toda ruptura causada pelo pecado, e assim fez com que “todo o mundo” possa ser salvo (1 Jo 2:2). A substituição, que é o lado do crente da obra de Cristo na cruz, tem a ver com o que Cristo fez na cruz para os crentes, levando os pecados deles sobre Si mesmo e suportando o julgamento desses pecados em lugar dos crentes (1 Pe 2:24). Como resultado da questão de o pecado ter sido resolvida na cruz, Deus é capaz de alcançar o homem e reconciliar os crentes Consigo mesmo em uma base justa.
Como mencionado, há duas coisas envolvidas na obra de reconciliação a Deus:
  • A reconciliação de pessoas.
  • A reconciliação de coisas.

1) Reconciliação de pessoas

O caos que o pecado causou na queda do homem foi muito mais devastador do que podemos imaginar. Não só desonrou a Deus e arruinou Sua formosa criação, mas também trouxe dano para o homem e à sua posteridade – espiritualmente (em seu espírito e alma) e fisicamente (em seu corpo). Um dos tristes resultados da entrada do pecado neste mundo é que existem relações alienadas entre homens e Deus. Agora pensamentos e sentimentos errados dominam o coração do homem e a “mente” em relação a Deus (Cl 1:21). Pelo pecado, os homens, em seu estado caído, tornaram-se “aborrecedores de Deus” (Rm 1:30) e, portanto, têm grande “inimizade contra Deus” (Rm 8:7). Por isso, os homens são “estranhos e inimigos” de Deus (Cl 1:21). Esta condição de inimizade é toda do lado do homem; foi o homem que pecou e foi para longe de Deus. Na sua alienação, ele desenvolveu maus sentimentos e ódio contra Deus.
Embora o coração do homem em relação a Deus tenha sido corrompido, a disposição de Deus em relação ao homem não mudou. Ele ainda está disposto a favor de Suas criaturas, pois Ele é o Deus Imutável (Ml 3:6). Isso pode ser visto no fato de que “Deus prova o Seu amor para conosco, em que Cristo morreu por nós, sendo nós ainda pecadores” (Rm 5:8). Assim, em seu estado confuso de pensamento, o homem vê Deus como um inimigo – mas Ele não é um inimigo de maneira alguma. Na verdade, Deus está buscando o bem e a bênção do homem. Uma mudança de coração é desesperadamente necessária no homem, mas não em Deus, pois Ele sempre amou o homem. Portanto, não é Deus Quem precisa ser reconciliado com o homem, mas o homem a Deus. Dizer que Deus precisa ser reconciliado, nega o Seu “amor eterno” pelo homem (Jr 31:3; Jo 3:16). Às vezes, quando as pessoas são despertadas para a necessidade de serem salvas, elas têm a ideia equivocada que, já que pecaram e se afastaram de Deus, precisam fazer algo para atrair o coração de Deus para elas. Algumas pensam que precisam derramar lágrimas, enquanto outras pensam que precisam limpar sua vida e se tornar religiosa. Mas, novamente, isso demonstra um mau entendimento sobre o coração de Deus. A verdade é que o Seu coração sempre foi para com o homem e desde o dia em que o pecado entrou na criação, Deus tem buscado libertação e bênção para o homem.
Sendo assim, a Escritura não apresenta a reconciliação como a conhecemos hoje, no sentido moderno da palavra, que a vê como duas partes que foram distanciadas, aproximando-se uma da outra com certo grau de compromisso, de modo que as relações entre elas possam retomar como eram no passado. A reconciliação bíblica sempre trata o assunto como o homem sendo trazido de volta a Deus. Portanto, a Escritura não diz que somos reconciliados com Deus, mas sim “a” Deus (Rm 5:10 – KJV e JND); 2 Co 5:20 – KJV e JND; Ef 2:16 – KJV e JND; Cl 1:20). “Nós” recebemos “a reconciliação”; Deus não a recebe (Rm 5:11 – JND e TB, Cl 1:21). (Mt 5:24 usa a palavra “reconciliado” no sentido de que duas partes se juntam, mas é uma palavra diferente no grego e não está em conexão com as bênçãos do evangelho que estamos considerando).
Existem quatro passagens principais no Novo Testamento onde a reconciliação de pessoas é considerada – cada uma vê o assunto de um aspecto diferente:
  • Colossenses 1:19-22 – para o agrado da Divindade.
  • Romanos 5:1-11 – para o gozo do crente em Deus.
  • Efésios 2:11-16 – considerando a unidade entre os membros do corpo de Cristo.
  • 2 Coríntios 5:19-21 – como testemunho em relação ao mundo.

a) Reconciliação para o agrado da Divindade (Cl 1:19-22)

Esta passagem apresenta a reconciliação a partir da perspectiva de Deus; enfatiza o que ela faz para o prazer de Deus. É, portanto, o aspecto mais elevado da reconciliação, pois o que pertence a Deus sempre deve vir primeiro. Tem a ver com a Sua obra de trazer Suas criaturas e Sua criação para uma posição onde Ele possa Se deliciar com elas. O Espírito de Deus usa “Ela” (“It” – JND) nessa passagem, ao se referir à “Divindade”. Isso destaca o fato de que as três Pessoas da Divindade estão profundamente interessadas na bênção do homem e estão envolvidas na reconciliação do homem em uma feliz comunhão Consigo mesma (“Itself” JND) no terreno da redenção.
Essa passagem mostra que a condição caída do homem é dupla: tornou-se um estranho e um inimigo de Deus (Cl 1:21). “Estranho (ou alienado)” é o que os homens são por natureza; “inimigos” é o que são pela prática. Como alienado, o homem agora está longe de Deus, moral e espiritualmente, sem relação com o seu Criador. Essa separação não foi apenas com Adão que pecou, mas é verdadeira para toda a raça sob ele (Rm 5:19a). O coração do homem está cheio de ódio e inimizade contra Deus. Essa condição existe em cada pessoa perdida na raça caída de Adão. É evidente na forma profana com que os homens usam o Seu santo nome (Salmo 139:20) e nas “obras más” que praticam (Cl 1:21). Essas coisas contribuíram para o homem se distanciar de Deus; os homens têm a sensação de ter errado, e isso os afasta daqu’Ele contra Quem agiram errado.
Em Colossenses 1, Paulo mostra que Deus, em graça, superou esta condição dupla do homem caído na grande obra da reconciliação. Isso não significa que toda pessoa no mundo esteja reconciliada agora, ou que todas serão reconciliadas, mas que uma provisão foi feita para alcançar e restaurar a cada pessoa, se elas estiverem dispostas. Ele mostra que, para que Deus realizasse a reconciliação, Cristo teve que Se tornar um Homem (v. 19) e ir à cruz para pagar o preço pelo pecado e pelos pecados (v. 20). Assim, a encarnação de Cristo trouxe Deus para o homem. Deus desceu ao homem na Pessoa do Senhor Jesus Cristo e Seu coração Se manifestou plenamente. No entanto, a encarnação em si mesma não era suficiente para efetuar a reconciliação; também exigia a obra de Cristo na cruz. Paulo indica isso ao mencionar “o sangue de Sua cruz” (v. 20) e “o corpo da Sua carne, pela morte” (v. 22). Portanto:
  • A encarnação trouxe Deus ao homem (v. 19).
  • A morte e o derramamento do sangue de Cristo trouxeram os homens (crentes) a Deus (v. 20).
Sermos perdoados nos teria satisfeito, mas não satisfaria a Deus. Lucas 15 ilustra essa grande verdade. O pai não estava satisfeito em dar ao filho pródigo o beijo de perdão – ele o vestiria com a melhor roupa, com um anel e com os sapatos nos pés, para que seus olhos pudessem descansar sobre seu filho com complacência (Lc 15:20-23). Assim, aprendemos disso, que Deus trabalha para efetuar a reconciliação para que possamos ser encontrados em um estado adequado perante Ele como “santos, e irrepreensíveis, e inculpáveis” aos Seus olhos, para que Ele possa encontrar o Seu prazer em nós. Assim, a reconciliação não só inclui o perdão dos pecados e a justificação, mas vai além para levar o crente para “perto” de Deus em paz (Ef 2:13). W. Kelly disse: “A reconciliação, portanto, é um termo de rico significado, e vai muito além do arrependimento ou fé, vivificação ou justificação” (Notes on the Second Epistles to the Corinthians, pág. 114). Esse é o lado de Deus nesse grande assunto.

b) Reconciliação para o gozo do crente em Deus (Rm 5:10-11)

Essa passagem apresenta a reconciliação sob a perspectiva do crente e mostra o que Deus fez para satisfazer sua condição como tendo se desviado para longe d’Ele. Como “inimigos” de Deus, os homens têm inimizade e maus sentimentos para com Deus. Seus maus sentimentos são produzidos pela sua má-consciência que os condena como pecadores. Dá-lhes uma sensação de terem feito errado, e isso os incomoda a respeito de terem que se encontrar com Deus. Assim, sua consciência trabalha para mantê-los à distância de Deus.
Apesar de tal condição prevalecer sobre a raça humana, Deus Se empreendeu em removê-la e a trazer os homens (crentes) de volta para Si. O quinto capítulo de Romanos mostra que Deus, em graça, deu o primeiro passo para a reconciliação do homem. Ele teve que fazer o primeiro avanço, porque o homem, deixado sozinho em sua condição caída, nunca faria um movimento em direção a Deus. Assim, Deus provou o Seu amor para com o homem, ao prover um sacrifício pelo pecado, e isso foi feito a um grande custo para Ele mesmo (Rm 5:8).
Paulo continua dizendo como Deus remove a inimizade no coração de um pecador – é por meio da “morte de Seu Filho” (v. 10). Nessa passagem, o apóstolo enfatiza o grande amor de Deus pelo homem – tão grande que Ele mesmo daria Seu próprio Filho para levar os homens de volta para Si mesmo! Note que não diz a morte “de Cristo”, mas a morte de “Seu Filho”. Isso enfatiza a afeição que existia em Seu relacionamento com Seu Filho. Deus tinha apenas um Filho, e Ele O amava profundamente, mas estava disposto a dá-Lo para salvar os pecadores! Portanto, o custo desse sacrifício para Deus é incalculável!
Quando este grande fato – que Deus ofereceu Seu muito amado Filho para trazer os homens de volta para Si mesmo – atinge o coração do pecador pelo poder do Espírito, o coração desse homem é profundamente tocado. Então, conhecendo que a disposição de Deus tem sido para com ele o tempo todo (mesmo que tenha abrigado maus pensamentos para com Deus) é mais do que o seu coração possa suportar. O amor e a compaixão de Deus tanto apertam seu coração que a inimizade que uma vez habitou ali é totalmente dissipada. Todos os seus maus sentimentos e ódio são removidos de uma vez de sua alma, e “o amor de Deus é derramado” em seu coração pelo Espírito (Rm 5:5, 8). Assim, seus pensamentos para com Deus são todos mudados, e Seu Filho, que Se entregou para tornar isso possível, Se torna a Pessoa mais maravilhosa e atraente para ele.
Ao receber a Cristo como Salvador, o coração do crente, que estava uma vez cheio de pecado e pensamentos errados para com Deus, está agora cheio de paz e amor, para que ele possa se gloriar “em Deus” (v. 11). Ele já se sentiu desconfortável com o pensamento de encontrar-se com Deus, mas agora ele está confortável em Sua presença e, na verdade, se deleita em estar aí. Em relação com esse aspecto da reconciliação, J. N. Darby observou: “Sinto-me em casa com Deus. Todos os Seus sentimentos graciosos são para comigo, e eu sei disso, e meu coração é trazido de volta a Ele”. Regozijar-se “em Deus” é a atitude adequada ao crente. Seu coração está afastado de si mesmo, e exulta naquilo que possui em Deus e em Cristo.
Em Romanos 5:11, na versão inglesa King James, diz que o crente recebe “a expiação”, mas isso é um erro de tradução; deve se ler “a reconciliação”. Na salvação de homens e mulheres, Deus recebe a propiciação porque o pecado afrontou a Sua santidade, mas nós recebemos a reconciliação. Assim, Paulo diz: agora temos recebido reconciliação” (v. 11 – TB). Isto indica que é um fato consumado; não é algo que estamos esperando para receber quando o Senhor vier.

c) Reconciliação entre judeus e gentios no corpo de Cristo (Ef 2:11-16)

Esse aspecto da reconciliação tem a ver com a desavença que tem existido na raça humana por milhares de anos entre judeus e gentios. Na grande obra de reconciliação, os homens não são apenas reconciliados a Deus, mas também uns com os outros no corpo de Cristo.
O assunto na epístola aos Efésios tem a ver com o grande plano de Deus para mostrar a glória de Seu Filho no céu e na Terra no reino milenar vindouro, por meio de um vaso de testemunho especialmente formado – a Igreja, que é o corpo e a noiva de Cristo. Neste segundo capítulo, vemos Deus salvando os pecadores dentre os judeus e os gentios e reunindo-os na Igreja. Seu desejo é que eles possam habitar juntos em uma unidade prática agora neste mundo antes que o reino milenar seja estabelecido, e assim dar testemunho do fato de que eles são um só corpo em Cristo. O problema é que tem havido uma animosidade e um preconceito de longa data entre aqueles a quem Deus escolheu para fazer parte desta companhia especial de crentes. Fazer com que os judeus e os gentios habitem juntos é, humanamente falando, impossível. Apesar disso, Paulo mostra que a grande obra de reconciliação a Deus é tal que remove esse obstáculo.
Nessa passagem, Paulo explica como isso é feito. Tanto os judeus como os gentios precisam da reconciliação – não somente a Deus, mas também uns para com os outros. Os gentios estão “longe” de Deus (v. 13), mas os judeus também estão “longe de Deus” (Mt 15:8). Mas Paulo diz: “Porque Ele (Cristo) é a nossa (dos judeus e gentios) paz, o Qual de ambos os povos fez um” O aspecto da “paz” que Paulo menciona aqui é a paz racial. É um dos três aspectos da paz relacionados com a posição do crente em Cristo – aspectos esses que pertencem aos crentes no momento em que são salvos e selados com o Espírito (Veja: Paz). Deus estabelece essa paz racial entre aqueles que creem pela “anulação” (JND, e não “desfazimento” ou “abolição” como em algumas versões) do que deu causa à inimizade entre judeus e gentios – “a lei dos mandamentos, que consistia em ordenanças”. A Lei de Moisés não foi abolida; ainda tem sua “aplicação” para os que estão na carne, mostrando-lhes que são pecadores (1 Tm 1:9-10). Mas para aqueles que creem, e assim fazem parte dessa nova e celestial companhia (a Igreja), ela é “anulada”.
A inimizade foi anulada pelo fato de Deus tirar os judeus e gentios “para fora” de suas antigas posições “na carne” (At 15:14, 26:17), tornando-os membros do corpo de Cristo (1 Co 12:12-13). Assim, Ele removeu a distinção entre judeus e gentios. Aqueles que fazem parte dessa nova companhia não são nem judeus, nem gentios (Gl 3:28; Cl 3:11). Para eles, a parede de separação que estava no meio, foi derrubada, e Deus fez dos dois “um novo homem”. O “novo homem” é Cristo (a Cabeça no céu) ligado aos membros do Seu corpo na Terra pela habitação do Espírito. Por isso, no novo homem, já não existe o judeu nem o gentio, e com eles a inimizade que já existiu desaparece!

d) Reconciliação anunciada ao mundo (2 Co 5:18-21)

Essa passagem mostra que depois que Deus reconcilia os crentes Consigo mesmo, Ele os usa como instrumentos para anunciar a verdade da reconciliação ao mundo. Isso é feito pela pregação do evangelho. Efésios 2:17 diz que o Senhor “evangelizou a paz, a vós que estáveis longe (gentios) e aos que estavam perto (judeus). Podemos nos perguntar como o Senhor poderia estar pregando na Terra quando Ele voltou para o céu? Mas esse fato apenas ilustra a grande verdade do “novo homem”. Cristo está pregando ao mundo hoje por meio dos membros de Seu corpo (Compare At 9:4).
Esses versículos em 2 Coríntios 5 mostram que Deus estava trabalhando para trazer o mundo (pessoas) de volta a Ele mesmo pelo ministério do Senhor Jesus quando Ele estava aqui na Terra. Esses versículos também mostram que essa obra foi transmitida aos apóstolos e aos outros trabalhadores Cristãos no tempo da ausência de Cristo. Seu ministério era “buscar e salvar o que se havia perdido” (Lc 19:10). Assim, como Paulo diz: “Deus estava em Cristo, reconciliando Consigo o mundo”, e acrescenta: “Não lhes imputando os seus pecados”. Isso significa que o Senhor não condenou os pecadores com os quais Ele interagiu (Jo 3:17, 8:11). No entanto, apesar de todo o amor e bondade mostrados por meio do ministério do Senhor, todos O rejeitaram, menos um remanescente de crentes – Sua missão aos pecadores pareceu em vão (Is 49:4).
Agora que Cristo foi retirado deste mundo pela morte, Paulo diz: Deus confiou “a  nós a palavra da reconciliação”. O “nós” aqui, em primeiro lugar, se referia aos apóstolos, mas também inclui outros trabalhadores Cristãos que atualmente estão envolvidos na obra do evangelho. É chamada de “a palavra” da reconciliação porque tem a ver com a comunicação da verdade do evangelho, e fazemos isso usando palavras. Paulo disse: “somos embaixadores da parte de Cristo, como se Deus por nós rogasse. Rogamos-vos pois da parte de Cristo que vos reconcilieis com [a – JND] Deus”. Por isso, somos pessoas reconciliadas em um mundo não reconciliado, anunciando uma mensagem de reconciliação. A história de Mefibosete ilustra (em figura) a verdade da reconciliação (2 Sm 9).

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Há um aspecto da reconciliação de pessoas que é puramente uma coisa exterior; isso não significa que todos os que são reconciliados são salvos (Rm 11:15). Esse aspecto da reconciliação tem a ver com Deus trazendo o mundo dos gentios para um lugar de proximidade relativa Consigo mesmo, neste dia da graça. A rejeição do evangelho por Israel e o fato de que, por consequência, a nação tenha sido colocada de lado temporariamente, abriram uma tremenda oportunidade para os gentios hoje – pois que o evangelho foi enviado a todo o mundo. Assim ela tem sido chamada de reconciliação “provisional” ou “dispensacional”. Como mencionado, isso não significa que o mundo inteiro tenha sido salvo e reconciliado no sentido em que já consideramos, mas que o privilégio de ser abençoado por crer no evangelho foi estendido a eles. Portanto, o mundo dos gentios é visto como estando próximo a Deus neste presente dia, enquanto Israel é deixado de lado. É uma proximidade relativa a Deus.

2) Reconciliação de todas as coisas

A segunda parte da reconciliação tem a ver com as coisas criadas. Isso acontecerá no dia vindouro em que a Divindade irá “reconciliar todas as coisas Consigo mesma” (Cl 1:20 – JND).
Em Colossenses 1:16, Paulo diz que “todas as coisas têm sido criadas por Ele e para Ele” (JND). O grande propósito da criação é, em última instância, para Deus que a criou (Ap 4:11). No entanto, uma vez que a criação foi manchada pelo pecado, para que Deus possa ter prazer nela, deve ser libertada da “servidão da corrupção” (Rm 8:21-23). Só então poderá ser usada devidamente para o propósito para o qual Deus a criou – para ser o palco no qual manifestará a glória de Seu Filho.
Toda a criação (céu e Terra) foi afetada pelo pecado e está contaminada. Tudo deve ser trazido de volta ao seu adequado relacionamento com Deus. A criação mais baixa atualmente está sofrendo sob os efeitos do pecado e precisa ser redimida – libertada (Ef 1:14). Mesmo que a criação não tenha se afastado de Deus por sua própria vontade (Rm 8:20), ainda assim está contaminada e precisa ser purificada (Jó 15:15, 25:5). Pela virtude do sangue de Cristo, Deus pode, e vai, no dia vindouro, efetuar a purificação da criação (Hb 9:23). Ele tirará a criação material das mãos dos homens pecadores e a libertará para o uso de Deus. Na Aparição de Cristo, Deus libertará a criação de sua escravidão e então começará a reconciliar todas as coisas criadas Consigo. Essa obra não estará completa até que todo traço de pecado na criação tenha desaparecido – o que não será atingido até que o Estado Eterno comece e tudo seja feito novo.
Note que enquanto Colossenses 1:20 diz que “todas as coisas” serão reconciliadas, não diz que todas as pessoas serão reconciliadas. Isso mostra que a vontade do homem pode resistir à graça de Deus. Todos os que não crerem na “palavra de reconciliação” terão seu fim em uma eternidade perdida. Não há reconciliação para seres infernais – o diabo e seus anjos, e homens incrédulos.

ARREBATAMENTO & A APARIÇÃO DE CRISTO, O



ARREBATAMENTO e A APARIÇÃO DE CRISTO, O – A Bíblia indica que a segunda vinda de Cristo tem duas partes ou fases. Elas são chamadas de “Arrebatamento” e “Aparição de Cristo”. É importante entender a distinção entre as duas, porque foram completamente confundidas pelos expositores Cristãos, universalmente, por mais de mil e quinhentos anos! Quando a verdade foi recuperada nos anos 1800, essa confusão foi esclarecida.
Embora o Senhor venha do céu em ambas as ocasiões, o Arrebatamento e a Aparição de Cristo ocorrem em momentos diferentes. Algumas das diferenças são:
  • O Arrebatamento ocorrerá quando o Senhor vier pelos Seus santos (Jo 14:2-3); a Aparição de Cristo ocorrerá quando Ele vier com os Seus santos que foram levados para o céu no Arrebatamento (1 Ts 3:13, 4:14; Jd 14; Zc 14:5).
  • O Arrebatamento ocorrerá antes do período de sete anos de tribulação (Ap 3:10), e a Aparição de Cristo ocorrerá “logo depois da tribulação” (Mt 24:29-30 – TB).
  • O Arrebatamento pode ocorrer a qualquer momento (Mt 25:13), mas a Aparição de Cristo não ocorrerá até sete anos após o Arrebatamento (Cl 3:4).
  • No Arrebatamento, o Senhor virá secretamente, “num piscar de olhos” (1 Co 15:52 – JND); na Sua Aparição, Ele virá publicamente e todo olho O verá (Ap 1:7).
  • No Arrebatamento, Ele virá para libertar a Igreja (1 Ts 1:10); na Sua Aparição, Ele virá para libertar Israel (Sl 6:1-4). A Igreja será guardada de entrar na Tribulação (Ap 3:10), enquanto os judeus irão atravessá-la, mas serão libertados dela no final, pelo Senhor trazendo fim à Tribulação quando os reis do Sul e do Norte invadirem a terra de Israel.
  • No Arrebatamento, Ele virá nos ares para a Sua Igreja porque eles são o Seu povo celestial (1 Ts 4:15-18); na Sua Aparição, Ele voltará à Terra (o Monte das Oliveiras) para Israel, porque eles são Seu povo terrenal (Zc 14:4-5).
  • No Arrebatamento, Ele tirará os crentes deste mundo e deixará os ímpios (Jo 14:2-3); na Sua Aparição, os ímpios serão retirados do reino dos céus para julgamento e os crentes (aqueles que se converteram pelo evangelho do reino que será pregado durante a Tribulação) serão deixados para desfrutarem bênção na Terra (Mt 13:41-43, 25:41).
  • No Arrebatamento, Ele virá libertar os Seus santos (a Igreja) da “ira” vindoura (1 Ts 1:10); na Sua Aparição, Ele virá para executar a “ira” (Ap 19:15).
  • No Arrebatamento, o Senhor virá como “o Noivo” (Mt 25:10), mas na Sua Aparição, Ele virá como “o Filho do Homem” (Mt 24:30, 37, 39, 44 etc.).
  • No Arrebatamento, Ele virá como a “Estrela da Manhã” que aparece pouco antes do amanhecer (Ap 22:16); na Sua Aparição, Ele virá como o “Sol da Justiça”, que é o amanhecer (Ml 4:2).
  • No Arrebatamento, Ele virá sem sinais, porque o Cristão caminha por fé e não por vista (2 Co 5:7); Sua Aparição será cercada de sinais, porque os judeus procuram sinais (Lc 21:11, 25-27; 1 Co 1:22 – ARA). 
Como mencionado, o principal erro na Cristandade sobre a vinda do Senhor é supor que o Arrebatamento e a Aparição são o mesmo evento. Essa ideia não leva em consideração o fato de que há uma série de coisas, indicadas na Escritura, que ocorrerão entre esses dois eventos e que tornam a ideia inviável. É claro, portanto, que essas duas fases da vinda do Senhor não acontecem ao mesmo tempo. Quando o Senhor vier e nos levar da Terra, Ele nos levará à “casa do Pai” e nos introduzirá formalmente a essa cena celestial (Jo 14:2-3). Então o “tribunal de Cristo” terá lugar (2 Co 5:10). Depois disso, haverá um tempo de adoração “ao redor do trono” no céu (Ap 4-5). Então, depois disso, haverá “as bodas do Cordeiro” e “a ceia” que a segue (Ap 19:6-10). É somente depois que essas coisas ocorrerem que os céus se abrirão e o Senhor virá em Sua Aparição (Ap 19:11-21). Dizer que todas essas coisas acontecerão em um momento de tempo é complicado e inviável.
Outro erro comum que os Cristãos têm em relação à vinda do Senhor é que eles pensam que Ele vem como um “ladrão de noite” no Arrebatamento. No entanto, um olhar cuidadoso na Escritura mostrará que isso está em conexão com a Sua Aparição (Mt 24:43-44; Lc 12:39-40; 1 Ts 5:2; 2 Pe 3:10; Ap 3:3, 16:15). No Arrebatamento, o Senhor vem chamar a Igreja, que é a Sua noiva (1 Ts 4:15-18 etc.) e vem nesse evento como “o Noivo” (Mt 25:6-10) – não como um “ladrão” (Vir como um ladrão não é a forma de se tomar a própria noiva!). Além disso, a maioria das passagens que mencionam a vinda do Senhor como um ladrão, falam d’Ele executando julgamento sobre o mundo naquele momento. Isso acontece na Aparição, mas não há julgamento executado no mundo no Arrebatamento; é a silenciosa tomada dos crentes da Terra para Si.
Por exemplo, Mateus 24:43-44 associa a vinda do Senhor como um ladrão com Ele vindo como “o Filho do Homem” – que é o modo como Ele é apresentado na Escritura quando age em juízo (Dn 7:13; Jo 5:27; Ap 1:13-16). Nunca se fala d’Ele como o Filho do Homem em conexão com a Igreja. Esse título nem sequer é usado nas epístolas dirigidas a Igreja e onde ela é instruída. (Hb 2:6 é uma citação do Velho Testamento). 1 Tessalonicenses 5:3 afirma que a vinda de Cristo como ladrão será quando Ele trouxer “repentina destruição” sobre o mundo dos incrédulos. 2 Pedro 3:7-10 conecta a Sua vinda como ladrão com “o dia do juízo”. Apocalipse 16:15-16 diz que, quando o Senhor vier como um ladrão, Ele julgará os exércitos que se reunirão em “Armagedom” para lutar contra Ele. A parábola em Lucas 12:36-39 indica que a vinda do Senhor como um ladrão será depois que “as bodas” ocorrerem.
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Há pelo menos cinco coisas maravilhosas que acontecem para o crente como resultado do Arrebatamento:
  • Estaremos com Cristo, para nunca mais nos separarmos (Jo 14:2-3; 1 Ts 5:10).
  • Seremos como Cristo (Fp 3:21; 1 Jo 3:2).
  • Estaremos unidos para sempre com nossos irmãos (1 Ts 4:15-18; 2 Ts 2:1).
  • Seremos libertados para sempre de todos os perigos espirituais e problemas físicos, doenças, tristezas etc. (Jd 21).
  • Receberemos as recompensas de nossos trabalhos aqui (Mt 25:19-23; Lc 19:15-19; Hb 10:35-37).
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O Senhor afirmou claramente que nenhum homem sabe quando Ele virá no Arrebatamento (Mt 25:13 – TB), nem quando Ele aparecerá para julgar o mundo com justiça (Mt 24:36). Por conseguinte, é inútil tentar estabelecer datas para qualquer um desses eventos.

segunda-feira, 20 de novembro de 2017

RESGATE

RESGATE – Este termo significa o preço que foi pago para redimir algo ou alguém (Jó 33:24; Sl 49:7; Pv 6:35; Mt 20:28; 1 Tm 2:6). A obra consumada de Cristo na cruz foi o que pagou o preço de nossa redenção.

VIVIFICAÇÃO



VIVIFICAÇÃO – Esta palavra significa “ser trazido à vida”. Pode ser aplicado à alma (Jo 5:21, 6:63; Ef 2:1, 5; Cl 2:13) e também ao corpo humano (Rm 4:17, 8:11; 1 Tm 6:13), e até ao corpo do Senhor (1 Pe 3:18).
Quanto à alma, Deus trabalha sobre os eleitos em poder soberano para trazer pessoas espiritualmente mortas para a vida, transmitindo-lhes uma vida divina (Ef 2:1, 5a). Como resultado, quando uma pessoa é assim despertada, recebe as faculdades espirituais pelas quais é capaz de ouvir e entender as comunicações espirituais de Deus – ou seja, o evangelho. Ao crer no evangelho e descansar por fé na obra consumada de Cristo, a alma “vivificada” é “salva” (Ef 2:5b, 8). Assim, a vivificação refere-se à mesma ação do Espírito como sendo “nascido de novo”, mas vista de uma perspectiva diferente:
  • O novo nascimento vê a condição do homem como tendo uma natureza corrompida e, portanto, precisa de uma nova vida e uma nova natureza, que Deus transmite por Seu poder soberano.
  • Vivificação vê a condição do homem sob a perspectiva de estar morto e, assim, precisando de uma nova vida de Deus, que a vivificação transmite. 
Sem que Deus trabalhe soberanamente dessa maneira nas almas, ninguém creria no evangelho, porque antes de serem vivificados, os homens estão espiritualmente inconscientes (estando mortos) e, portanto, não têm capacidade de ouvir e responder ao chamado de Deus. (Veja: Novo Nascimento e Livre Arbítrio)
Quanto ao nosso corpo, Romanos 8:11 afirma que o corpo do crente será vivificado, e assim glorificado pelo Espírito Santo. Não nos diz quando isso acontecerá, mas sabemos, por outras passagens, que isso ocorrerá no Arrebatamento (1 Co 15:51-56; Fp 3:21).

EXTINGUIR & ENTRISTECER O ESPÍRITO


EXTINGUIR & ENTRISTECER O ESPÍRITO – Essas são duas coisas negativas que nenhum Cristão sóbrio quer em sua vida. Mas, infelizmente, por nossas ações descuidadas, acabamos “entristecendo” e “extinguindo” o Espírito Santo que habita em nós (Ef 4:30; 1 Ts 5:19).
Quanto a extinguir o Espírito, Deus quer nos usar como um canal pelo qual Ele pode agir para a bênção de outros. O Senhor disse: “Quem crê em Mim, como diz a Escritura, rios d’água viva correrão do seu ventre. E isto disse Ele do Espírito que haviam de receber os que n’Ele cressem” (Jo 7:38-39). Deus deseja trabalhar por meio de nós pelo Espírito, e nossa responsabilidade é permitir que o Espírito tenha essa liberdade. Não devemos impedi-Lo nisso. Se o fizermos, estaremos extinguindo o Espírito. É como uma mangueira de jardim que tem água fluindo nela, e alguém faz uma dobra para que o fluxo de água seja interrompido ou quase impedido. Da mesma forma, o Espírito pode nos levar a fazer algo pelo Senhor e nossa vontade se opõe a Ele e não o fazemos. Talvez seja para sugerir um hino em uma reunião bíblica, ou dar um folheto do evangelho para alguém etc.
Extinguir o Espírito é ilustrado na Escritura na história do servo de Abraão (Gn 24). Ele é um tipo do Espírito de Deus que foi enviado para garantir uma noiva para Isaque (um tipo de Cristo). É uma figura do Espírito sendo enviado a este mundo para buscar uma noiva para Cristo. Tendo obtido a permissão de Betuel (pai de Rebeca) para levá-la a Isaque, sua mãe e seu irmão interferiram e quiseram deter o servo de Abraão “por um ano inteiro” (Gn 24:55 – KJV margem) antes de deixar que ele a levasse. Esta é uma figura de extinguir o Espírito. O servo então disse: “Não me detenhais, pois o Senhor tem prosperado o meu caminho; deixai-me partir, para que eu volte a meu senhor” (Gn 24:56). Da mesma forma, o Espírito está nos dizendo: “Não Me detenhais”. Ele quer conduzir nosso coração após Cristo e nos usar como um canal de bênção para outros, e não quer que nada que se interponha a isso.
Entristecer o Espírito Santo é um pouco diferente. Tem a ver com sairmos a fazer algo que o Espírito não nos levou a fazê-lo, e, dessa forma, Ele está entristecido por nossas ações. É o pecado que entristece o Espírito. Quando o crente peca, o Hóspede divino interior sente e nos exercitará a julgar esse pecado.
De uma forma resumida, extinguir o Espírito é não fazer algo que Ele quer que façamos e entristecer o Espírito é fazer algo que Ele não nos levou a fazer.